ATA DA QUADRAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 03.06.1998.

 


Aos três dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Paulo Brum e Reginaldo Pujol. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quadragésima Primeira Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Quadragésima Sessão Ordinária, deixou de ser votada face à inexistência de "quorum" deliberativo. À MESA foram encaminhados: pela Mesa Diretora, o Projeto de Lei do Legislativo nº 83/98 (Processo nº 1766/98); pelo Vereador Carlos Garcia, 02 Pedidos de Providências, a Indicação nº 41/98 (Processo nº 1789/98) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 81/98 (Processo nº 1758/98); pelo Vereador Fernando Záchia, o Projeto de Lei do Legislativo nº 82/98 (Processo nº 1759/98); pelo Vereador João Motta, o Projeto de Resolução nº 26/98 (Processo nº 1778/98); pelo Vereador Paulo Brum, o Projeto de Resolução nº 25/98 (Processo nº 1777/98). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 236, 238, 239, 240, 242 e 243/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 02/98, do Vereador Eliseu Sabino, Presidente da Comissão Especial constituída com a finalidade de alterar a redação dos incisos I dos artigos 147 e 148 da Resolução nº 1178/92, com as alterações das Resoluções nºs 1232/94, de 25 de abril de 1994, e 1250/94, de 30 de agosto de 1994, acrescentando-se o parágrafo único em ambos (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre), 101/98, do Senhor Ellis D'Arrigo Busnello, Coordenador da Comissão de Pós-Graduação em Medicina: Clínica Médica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS; 110/98, do Senhor Mauro Pinto Soares, Presidente, em substituição, da Empresa Portoalegrense de Turismo S.A. - EPATUR; 118/98, do Senhor João Carlos Vasconcellos, Diretor-Presidente da Empresa Portoalegrense de Turismo S.A. - EPATUR; 285/98, do Senhor Martim Saraiva Barboza, do Gabinete do Vice-Governador do Estado/RS; 509/98, do Senhor Valmir Martins Batista, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/RS; 658/98, do Vereador Edmar Campos, Presidente da Câmara Municipal de Pelotas/RS; 1088/98, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal; Fax: do Senhor Flávio Portinho Sirângelo, Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região; do Senhor João Olavo Rosés, Presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento da Região das Hortências/Planalto das Araucárias/RS - COREDE-RH; do Senhor Leonardo Leopoldo Mangeon, Delegado do Ministério de Minas e Energia - DMME/RS; do Senador Fernando Bezerra, Presidente da Confederação Nacional da Indústria - CNI; do Senhor Zildo de Marchi, Presidente da Federação do Comércio Atacadista do Estado/RS; Cartões: do Senhor João Luiz Vargas, Deputado Estadual/RS; do Senhor Richard Goldbergb, Vice-Presidente da Agência de Desenvolvimento Pólo/RS; Telegramas: do Senhor Flávio Vaz Netto, Secretário Estadual dos Transportes/RS; do Deputado Estadual José Ivo Sartori, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Darwin Ribas, Presidente do Conselho do Instituto de Assistência e Proteção à Infância - IAPI, que historiou acerca da fundação e do funcionamento do IAPI, solicitando o acompanhamento da Casa em relação aos contatos que estão sendo realizados entre esse Instituto e a Secretaria Estadual de Segurança Pública, a fim de que seja melhorado o policiamento no Bairro Santo Antônio, local onde está sediado o IAPI. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças da Senhora Tereza Ribas, esposa do Senhor Darwin Ribas, da Senhora Lorien Rosa Siviero Dippe e do Senhor Eri Belanca, respectivamente, Presidenta e Diretor do Instituto de Assistência e Proteção à Infância, e de jovens internos na referida instituição. Também, os Vereadores João Dib e Carlos Garcia formularam Requerimentos verbais, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando sejam enviadas cópias do pronunciamento do Senhor Darwin Ribas a todos os Líderes das Bancadas com assento neste Legislativo e à Secretaria Estadual de Segurança Pública. Ainda, a Vereadora Maria do Rosário formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando que o Vereador Juarez Pinheiro, na presidência dos trabalhos, saudasse, em nome da Casa, o Senhor Darwin Ribas. Após, o Senhor Presidente agradeceu a presença dos representantes do IAPI e, às quatorze horas e vinte e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, tendo os mesmos sido retomados às quatorze horas e vinte e três minutos, constatada a existência de “quorum”. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 60/97, discutido pelos Vereadores Gerson Almeida e Guilherme Barbosa, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 67/98, este discutido pelo Vereador Gerson Almeida, 75 e 76/98, este discutido pelo Vereador Guilherme Barbosa; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 71/98, discutido pelos Vereadores João Dib e Guilherme Barbosa; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 74/98, discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel, Adeli Sell e João Dib. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt teceu críticas ao horário de atendimento ao público ora praticado pelo plantão técnico da Secretaria Municipal de Obras e Viação - SMOV. Também, formulou denúncia quanto às restrições impostas pelas chefias dos setores da referida Secretaria em relação ao atendimento a ser concedido aos profissionais da construção civil e aos proprietários de imóveis em geral. O Vereador Carlos Garcia defendeu a colocação de Unidades Móveis de Atendimento Médico nos parques e praças de Porto Alegre, referindo-se a Pedido de Providências e a Projeto de Lei encaminhados por Sua Excelência, relativos ao assunto. Na ocasião, foi apregoado Requerimento do Vereador José Valdir, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na Vereança o Suplente Cyro Martini, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib, relatando fatos da vida e da trajetória política do ex-Prefeito José Loureiro da Silva, criticou a maneira como atualmente vêm sendo realizadas as prestações de contas das movimentações financeiras do Executivo Municipal e comentou dados da arrecadação tributária do Município. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença da professores e alunos da Escola Municipal de 1º Grau Vila Cruzeiro do Sul. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Ruas, historiando incidente ocorrido em mil novecentos e noventa e seis, nas dependências de Centro Comunitário mantido pela Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC, quando uma criança foi vítima de disparo de arma, afirmou ter essa Fundação responsabilidade objetiva quanto ao incidente, ressaltando o acompanhamento do assunto pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na ocasião, face às Questões de Ordem suscitadas pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Maria do Rosário, Pedro Ruas e Clênia Maranhão, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da interpretação do artigo 229 do Regimento, relativo à prerrogativa de utilização do tempo de Comunicação de Líder pelas Bancadas com assento neste Legislativo, mencionando a existência de Parecer exarado pela Procuradoria da Casa, relativo à questão. Foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Fernando Záchia, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 03/98, após ser discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Clovis Ilgenfritz, Clênia Maranhão e Décio Schauren. Na oportunidade, o Senhor Presidente informou a realização, às dezoito horas de hoje, na Igreja Santa Terezinha, de Missa de Sétimo Dia em memória da Senhora Alceste Maia Menezes, ex-funcionária deste Legislativo. Foi aprovado Requerimento verbal da Vereadora Maria do Rosário, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação,  foi  aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 08/98 (Processo nº 1801/98), por dezessete votos SIM e uma ABSTENÇÃO, após ser discutido pelos Vereadores João Dib, Reginaldo Pujol, Fernando Záchia, Cláudio Sebenelo, Pedro Ruas, Guilherme Barbosa, Pedro Américo Leal, Adeli Sell, Tereza Franco, Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz, João Carlos Nedel, Henrique Fontana, Antônio Losada, Renato Guimarães, Maria do Rosário e Nereu D'Ávila, e encaminhado à votação pelo Vereador João Dib, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Renato Guimarães e Cyro Martini, e tendo optado pela Abstenção o Vereador João Dib. Na oportunidade, através de Questão de Ordem, o Vereador Juarez Pinheiro manifestou-se acerca do pronunciamento do Vereador Luiz Braz, de discussão do Projeto de Decreto Legislativo nº 08/98. Durante a apreciação do Projeto de Decreto Legislativo nº 08/98, os Vereadores Sônia Santos e Antonio Hohlfeldt cederam seus tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores Luiz Braz e Cláudio Sebenelo. Ainda, o Senhor Presidente destacou a necessidade de que os Oradores da tribuna atenham o teor de seus pronunciamentos à matéria em debate e registrou a presença do Senhor Jorge Pinheiro, Suplente da Bancada do PSB. Também, prestou informações acerca do local de apuração dos votos referentes às eleições para o Conselho Tutelar de Porto Alegre, bem como sobre a possibilidade de acesso, via Internet, aos resultados parciais do referido pleito, tendo o Vereador Nereu D'Ávila solicitado a distribuição por escrito dessas informações aos Senhores Vereadores, solicitação esta deferida pelo Senhor Presidente. Foi apregoada a Emenda nº 01, de autoria do Vereador Elói Guimarães, ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 03/96 (Processo nº 1612/96). Na ocasião, o Senhor Presidente informou a realização, no dia de hoje, na Catedral Metropolitana, de Missa de Sétimo Dia em memória da Senhora Marfisa Simon. Às dezoito horas e um minuto, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz, Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Reginaldo Pujol, e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Reginaldo Pujol. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Darwin Ribas, representando o Instituto de Assistência e Proteção à Infância - IAPI, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. DARWIN RIBAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por delegação da nossa Presidenta, Sra. Lorien Rosa Siviero Dippe, venho-lhes dizer algumas palavras sobre o Instituto de Assistência e Proteção à Infância.

Começo com uma pequena história: em 1935, no segundo semestre, um adolescente assistia aulas de datilografia numa escola da Rua dos Andradas, ali, no último segmento, quase na lomba. O morador, que era do Bairro Partenon, estava ali, procurando um aprendizado a mais. Em certo momento ele constatou que no sótão desse prédio existiam crianças albergadas e percebeu, em outro momento, que essas crianças eram alimentadas de maneira precária. Ele levou esse fato ao seu pai, morador do Partenon e, fruto desse conhecimento, esse cidadão, um brasileiro naturalizado, de certa forma irritado com as informações recebidas, procurou, com alguns outros amigos do bairro, inteirar-se da questão. De todo esse conhecimento resultou que essa entidade, onde essas crianças estavam albergadas, já com o nome de Instituto de Assistência e Proteção à Infância, graças ao movimento desses senhores do Partenon, acabou sendo transferida para uma rua, do mesmo bairro, com o nome de Aquidaban; hoje, é a Rua Humberto de Campos nº 325. Lá se instalou a entidade no início de 1936 e, durante muitos anos, funcionou em caráter de internato. Posteriormente, nos idos de 1950, essa entidade passou a adotar um novo prédio, construído com frente para a Rua Antônio Ribeiro nº 350, onde até hoje tem a sua sede.

Como disse, inicialmente, quando a entidade estava na Rua dos Andradas, ela integrava uma entidade maior, com o nome de Associação Cristã Independente e, quando se transferiu para o Bairro Partenon, começou a funcionar como uma entidade autônoma. Conforme o atual estatuto do Instituto de Assistência e Proteção à Infância, no seu artigo 2º, diz o seguinte: “Tem por finalidade prestar amparo a menores, cujos pais ou responsáveis sejam comprovadamente pobres na área de complementação educacional e assistencial”. É uma entidade pública na esfera municipal, estadual e federal, e detentora de um certificado de entidade com fins filantrópicos. Sua principal fonte de receita é a patrimonial e, também, recebe recursos em convênio que mantém com a FESC. Atualmente o IAPI, que é a nossa sigla, mantém o atendimento de 80 crianças: uma parte no turno da manhã, e outra no turno da tarde. Como foi dito, o nosso atendimento é complementar ao da escola pública. As crianças recebem alimentação do Instituto e têm o acompanhamento de aproximadamente quatro horas, tempo em que permanecem em cada turno. O Instituto tem a sua sede pela Rua Antônio Ribeiro e, por aí, tem o seu acesso que pode ser feito através de uma linha de transporte coletivo, a linha de Lotação Canal 10.

A propósito dessa linha, é uma das razões que também tem relação com a nossa presença, pois tivemos há pouco tempo um problema em relação à continuidade desse itinerário e queremos agradecer a ação do Sr. Mauri Cruz, Secretário-Substituto dos Transportes, e a colaboração, em particular, de dois Vereadores que moram em nosso Bairro Santo Antônio: Carlos Garcia e João Verle. O Ver. Gerson Almeida está dizendo que também mora no referido Bairro. Fico satisfeito por saber, Ver. Gerson Almeida, só que estou caracterizando a colaboração expressa desses dois Vereadores que nos ajudaram a resolver esse impasse que se criava. Essa linha é essencial para o funcionamento do Instituto.

Também quero falar sobre a preocupação que tem o Instituto quanto à segurança do nosso bairro. Na Rua Antônio Ribeiro há um ponto em que, às vezes, circulam marginais agressivos. Não podemos compreender como um Posto Policial, que foi construído ainda na gestão do então Prefeito Célio Marques Fernandes, e que tem 30 anos de existência, de alguns anos para cá tenha sido abandonado e a insegurança persista entre nós. Não podemos compreender também como esse posto fica fechado, quando abrem outros postos policiais em outros bairros. É em função desse fato também que estamos aqui para fazer um apelo aos Vereadores desta Câmara: ajudem-nos a convencer a Secretaria de Segurança do Estado sobre a necessidade de reabrir esse Posto Policial. Pretendíamos até fazer um apelo pessoal ao Ver. Fernando Záchia, Líder da Bancada do PMDB, para que fosse nosso porta-voz, junto ao Secretário de Segurança, que é de seu Partido. De qualquer forma, fica registrado o nosso pedido. Aliás, como evidência dessa insegurança que vivemos, há poucos dias convivemos com um episódio triste, quando, no início da manhã, um motorista da Lotação Canal 10 sofreu uma agressão e, por pouco, não perdeu a vida, em troca de míseros trinta reais que tinha em seu caixa. Estamos aqui, portanto, fazendo este apelo, trazendo essa informação aos Senhores com relação a uma unidade assistencial que já tem mais de sessenta anos. Estamos trabalhando em conjunto com o Poder Público, estamos dando assistência a menores necessitados. É justo que tenhamos também em troca esse carinho do Poder Público, seja na esfera municipal, que aqui está representado pelo Poder Legislativo, na esfera estadual, que deve nos alcançar com a segurança que, no momento, não temos.

Gostaria de convidar cada um dos Srs. Vereadores a nos visitar para conhecerem algo que há mais de 60 anos vem sendo mantido por uma comunidade, com todo o esforço que isso representa e que é, sem sombra de dúvidas, um problema permanente que está aí a nos desafiar e que deve merecer, de cada um de nós, o devido carinho e respeito. Portanto, espero que o nosso convite seja aceito pelos senhores, que nos honrem com suas presenças, porque lá, certamente, conhecerão um trabalho que está sendo feito com dignidade, esforço e devoção de algumas pessoas do bairro que têm tempo para isso. Deixarei com o Sr. Presidente uma cópia do nosso estatuto. Agradeço a cada um dos senhores a atenção que nos deram. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o nobre orador para sentar à Mesa dos trabalhos. Queremos saudar a presença, também, pela Instituição IAPI, da Presidente do Instituto, Sra. Lorien Rosa Dippe, bem como a esposa do orador, Sra. Teresa Ribas.

De acordo com deliberação da última Reunião da Mesa com as Lideranças, quero pedir a compreensão dos Vereadores para que neste tempo, após a Tribuna Popular, qualquer manifestação relativamente ao tema seja feita em Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Solicito a V. Exa. que o pronunciamento do Sr. Darwin Ribas seja distribuído a todas as Lideranças para que conjuntamente, talvez, se possa construir alguma coisa. Saúde e paz.

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência defere o pedido de V. Exa. e consulta as diversas Lideranças se alguma deseja manifestar-se, em Comunicação de Líder, sobre o tema colocado na Tribuna Popular.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Na medida em que ficou acordada essa decisão, queremo-nos subordinar integralmente a ela. V. Exa. , na condução dos trabalhos, faça a saudação em nome das Lideranças.

O SR. PRESIDENTE: Para mim é uma honra deferir o seu Requerimento e dizer que esta Casa Legislativa, considerando o trabalho social realizado pela Entidade, sente-se honrada com a presença da sua Presidente, do orador que colocou as principais questões do Instituto. Esta Casa, através de todas as suas Bancadas, está à disposição do Instituto.

Esta Presidência pede a colaboração para que o acordo feito não seja rompido, sob pena de prejudicar os trabalhos desta Casa.

 

O SR. CARLOS GARCIA (Requerimento): De maneira nenhuma queremos discordar daquela decisão, mas sugerimos que esta Casa envie as notas taquigráficas do pronunciamento do Engº Darvin Ribas à Secretaria de Segurança Pública do Estado, para que ela saiba o que ocorreu aqui nesta tarde.

 

O SR. PRESIDENTE: Está deferido o Requerimento de V. Exa. Vamos suspender a Sessão, por um minuto, para despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h22min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h23min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos à

 

PAUTA

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1230/97 - SUBSTITUTIVO Nº 01, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 060/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui o Prêmio Urbanista da Metrópole e dá outras providências.

 

PROC. 1493/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 067/98, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que proíbe a comercialização do brinquedo “Triops” no Município de Porto Alegre.

           

PROC. 1596/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 075/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Ana Maria Franco Zardin um logradouro irregular localizado no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. 1638/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 076/98, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que institui, oficialmente, a árvore como símbolo ecológico de Porto Alegre.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1514/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 071/98, de autoria do Ver. Cyro Martini, que dispõe sobre a Semana Nacional de Trânsito e sobre promoções educativas de trânsito e dá outras providências.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 1592/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 074/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui o Dia do Acemista no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

 

O SR. PRESIDENTE:O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o nome da Associação Cristã de Moços, por si só, tem um conteúdo que faz com que a entidade se torne alvo de atenção, reconhecimento e apoio. Gregário por natureza, o homem precisa da convivência grupal. Se essa convivência, porém, for associativa, será também voluntária e cooperadora, e isso faz com que a associação entre as pessoas seja desejável e necessária. Quando essas pessoas são, então, moços e moças, aos quais caberá a condução e o bom ordenamento da vida em comum, a regência e a orientação futura da humanidade, cabe aos de mais idade, em especial àqueles que hauriram da vida a graça da experiência bem aproveitada, reconhecer-lhes a importância e dar-lhes a força necessária ao correto encaminhamento de suas manifestações de vontade. E se esses moços e moças, reunidos em associação, também cultivarem o ideal cristão, irmanados no mandamento do amor a Deus e ao próximo, ardentes no anseio de servir e de realizar o bem comum, a sociedade tem o dever de dar-lhes, como disse de início, atenção, reconhecimento e apoio.

O Dia do Acemista, cuja instituição o brilhante e sempre atento Ver. Reginaldo Pujol teve a elogiável iniciativa de propor, é uma imposição de reconhecimento, que decorre do mérito adquirido pela Associação Cristã de Moços no decurso de seus cento e cinqüenta e quatro anos de existência no mundo, cento e cinco no Brasil e noventa e seis em nossa Cidade. Sendo associação de moços e cristã, fiel aos princípios que a norteiam desde a sua fundação, visando à promoção da vida, buscando o entendimento entre as pessoas, opondo-se aos preconceitos e à injustiça social, atualizando-se e participando ativamente das mudanças na sociedade, a ACM se faz merecedora de que esta Casa - naquilo que lhe é possível fazer - demonstre o seu reconhecimento e a incentive à continuidade nessa caminhada tão bonita de construção do futuro.

Por isso, por meu intermédio e expressando a vontade manifesta dos dedicados companheiros, Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, a Bancada do PPB se incorpora unanimemente à decisão que, tenho a certeza, esta Casa tomará de instituir o Dia do Acemista.

Oxalá a ACM e seus integrantes tenham seu exemplo seguido por muitas outras organizações e pessoas para benefício de nossa Cidade, de nosso Estado e de nosso País. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ontem à noite, e friso, à noite, às 19h15min, 19h30min, eu fiz uma visita ao Escritório de Desapropriações para a III Perimetral. E fiquei realmente encantado com o jovem engenheiro que ali atendia e que sabia explicar item por item, respondendo às perguntas que lhe foram feitas. De repente, alguém dirá que a afirmação que faço aqui não tem nada a ver com a Pauta; tem sim. O engenheiro, Sr. Presidente, chamava-se Edson, o sobrenome eu não sei, mas o nome era Edson, e era competente.

O Ver. Cyro Martini apresenta um projeto que dispõe sobre a Semana Nacional de Trânsito e sobre promoções educativas de trânsito e dá outras providências, no Município de Porto Alegre. É realmente importante. Mas não se pode pensar em Semana de Trânsito - e por isso eu falei na III Perimetral em primeiro lugar - enquanto não se pensa na melhoria do sistema viário urbano. O sistema viário de uma cidade se faz à semelhança da circulação do sangue no corpo humano. Para o corpo humano são importantes as veias, as grandes veias, as grandes artérias; os pequenos vasos são secundários; são necessários é claro, pois eles existem. E a Prefeitura de Porto Alegre tem, até hoje, cuidado dos pequenos vasos, vasos periféricos, esquecendo das grandes artérias, das grandes veias que fazem o trânsito de uma cidade.

Parece que agora, com esta obra a ser iniciada no próximo ano, da III Perimetral, a Prefeitura acorda para a necessidade de modernizar a Cidade. Porque não adianta fazer Semana Nacional de Trânsito de 18 a 25 de setembro, quando as ruas são uma sucessão de buracos, quando as ruas são malcuidadas, quando não se faz a fiscalização sobre estacionamentos e não se sinaliza convenientemente. Devo dizer que Porto Alegre é razoavelmente bem sinalizada, mas não é respeitada a sinalização.

Na Semana Nacional de Trânsito seria conveniente que se examinassem sinais de trânsito em viaduto. Viaduto não precisa de sinal, porque é proibido estacionar e parar, mas aqui na Cidade é diferente, pois temos viaduto onde se permite parada de lotação; por sinal há duas paradas.

Cumprimento o Ver. Cyro Martini, que entende muito de trânsito, e talvez com a Semana Nacional de Trânsito estendida a Porto Alegre com algumas comemorações e eventos, ele venha trazer a consciência ao Poder Público Municipal de que é preciso aprimorar mais, que é preciso resolver o nosso sistema viário de uma forma mais eficiente.

Não é possível parar lotação em um viaduto que leva o nome de uma extraordinária figura, que hoje faz trinta e quatro anos que faleceu: José Loureiro da Silva. Volto a falar em José Loureiro da Silva em outra oportunidade. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, da mesma forma que o Ver. João Carlos Nedel, eu também discuto a proposição do Ver. Pujol que institui o Dia do Acemista no Município de Porto Alegre. Acho que é muito importante que uma instituição como a Associação Cristã de Moços, pelo trabalho que vem realizando na área da educação, do esporte e do lazer, tenha a possibilidade de marcar de uma forma visível, contundente e marcante o seu dia na Cidade.

A ACM tem tido muitas preocupações com a Cidade. Há poucos dias fui chamado pela direção da Associação Cristã de Moços - ACM, para discutir uma campanha que estamos levando na Cidade contra s pichações. Na Emenda ao Código de Postura do Município, feita por nós, é colocado que as pichações são crime ambiental, como já diz a recente lei ambiental aprovada pelo Congresso Nacional. A ACM, com essa preocupação com a Cidade de Porto Alegre, com o bem-estar, com a qualidade de vida, em defesa do patrimônio público, em defesa da limpeza da Cidade, já está tomando medidas para ajudar, para entrar nessa campanha, fazendo com que os seus carnês de pagamento venham com uma palavra de ordem, com uma chamada dessa campanha que nós estamos realizando junto com tantas e tantas entidades que já se engajaram, que é a campanha contra as pichações.

Portanto, o nosso louvor à Associação Cristã de Moços. Espero que, muito em breve, esta Câmara, o conjunto dos seus 33 Vereadores, dê voto para que o Dia do Acemista seja marcado na Cidade de Porto Alegre a fim de que essa instituição possa divulgar e trabalhar os seus feitos em prol da melhoria e da qualidade de vida da nossa população. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de fazer breves comentários em relação a alguns Projetos que estão na Pauta, a começar pelo Substitutivo nº 01, do Ver. Guilherme Barbosa, ao PLL nº 060/97, do Ver. Reginaldo Pujol, que institui o Prêmio Urbanista da Metrópole e dá outras providências.

É interessante discutir este Projeto, talvez, ao instituirmos um prêmio para o urbanista de Porto Alegre, para que possamos, de fato, fazer uma discussão em relação à organização da nossa Cidade, uma discussão mais permanente. Talvez, anualmente se apresente ao discutirmos para quem será conferida esta honraria, especialmente num ano como este em que estamos com o Plano Diretor já em debate, prestes a ser votado.

Certamente, este será o ano da votação do Plano Diretor. Esta questão tende a ganhar uma importância e presença no cotidiano nos debates desta Casa, muito forte. Portanto, parece-me justo que se crie, que se estabeleça um prêmio dessa ordem, que valorize o trabalho de organização, de planejamento da Cidade, lembrando, naturalmente, que não são apenas os urbanistas que organizam a Cidade. Em Porto Alegre, sempre foi assim. Em particular nos últimos anos, com o advento do Orçamento Participativo, com a possibilidade de canais organizados e permanentes para a população discutir, pensar e decidir sobre o orçamento público - para onde, como, quando e em que ordem de prioridade devem ser destinados os recursos públicos -, a população da Cidade de Porto Alegre passou, crescentemente, a incorporar, a pegar em suas mãos a responsabilidade de construir a Cidade e de construir uma qualidade de vida cada vez melhor. Portanto, fica esse registro em primeiro lugar.

De outro lado, quero fazer uma referência ao Projeto da Vera. Anamaria Negroni, que proíbe a comercialização do brinquedo Triops no Município de Porto Alegre. Não sou especialista nesse assunto, mas tenho lido com atenção as matérias que saem sobre esse “brinquedo”, entre aspas, porque não se trata de um brinquedo; é um animal, um ser vivo, não sei qual a caracterização biológica correta, o que debito à minha ignorância e à minha pouca lembrança das aulas de Biologia. Mas, de qualquer sorte, as matérias que a imprensa tem publicado sobre esse assunto, não só em Porto Alegre, mas no Brasil, sobre a experiência disso em alguns lugares do mundo, é absolutamente deplorável. Essa forma de fazer as coisas é uma demonstração da burrice e da maneira completamente ignorante de tratar a natureza e as particularidades de cada ser vivo no seu meio ambiente, no seu ecossistema próprio. Alguma criatura, que é bastante inofensiva e que está bem adaptada ao seu ecossistema, pode, num outro lugar, em condições completamente diferentes, transformar-se numa praga. Vejam um exemplo típico disso, que a literatura nos traz: é o caso da Ilha de Muroroa, onde inclusive foram feitos testes nucleares franceses há alguns anos. Naquela Ilha, Darwin estudou alguns dos corais e fez relatos sobre corais maravilhosos e singulares que eram encontrados naquela Ilha. Com o advento da importação de uma determinada lesma para atacar uma praga que estava ocorrendo naquela região, aqueles corais começaram a ser exterminados completamente, porque a tal lesma que iria comer apenas a praga se desinteressou por ela e começou a assassinar e destruir os corais maravilhosos registrados em literatura. Essa importação e essa falta de critérios ao trazer vida natural de um habitat para outro é um despropósito, é um absurdo que esteja sendo tratado como um brinquedo uma coisa dessas. Isso é no mínimo um culto, um elogio à estupidez humana e à ignorância. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, um dos direitos básicos, eu diria, não só constitucionais mas de qualquer contribuinte é exatamente o de ser atendido devidamente pelo poder público e ser atendido dentro das regras gerais do poder público que facilitem a vida do contribuinte. No entanto, nós fomos surpreendidos, no final da semana passada, por uma decisão absolutamente unilateral da SMOV - Secretaria Municipal de Obras e Viação, que fez prender avisos como estes, que trago aqui e que dizem o seguinte: “A partir de 08 de junho de 1998, o Plantão Técnico...” - e aí cita a SALP, o SVP ou os diferentes setores da SMOV - “será no turno da manhã, com início às 9 horas, e serão distribuídas apenas 12 fichas”. Ora, estão tornando igual ao INPS o serviço da SMOV na Cidade de Porto Alegre. Não sei se está faltando funcionário na Prefeitura ou se realmente o comando é complicar a vida do contribuinte, mas me parece que é um profundo desrespeito a decisão tomada com absoluta unilateralidade pela Secretaria Municipal de Obras e Viação. Sabemos das dificuldades que os profissionais da área de arquitetura e engenharia enfrentam, tradicionalmente, no Planejamento e na SMOV, com a demora dos projetos - e sou dos que pensam que tem que demorar, sim, se for preciso, para que o processo seja bem examinado antes de ser aprovado -, mas isso não justifica que a Secretaria decida quantas pessoas vai atender por dia e reduza o horário de atendimento a um único turno, prejudicando, sem sombra de dúvida, os proprietários e os profissionais, porque aqui ainda diz que “o atendimento será restrito a autores dos projetos, aos profissionais, colaboradores ou intervenientes, e arquitetos ou engenheiros colaboradores”. Ou seja: o dono de um imóvel não tem direito de ser atendido pela SMOV. A SMOV, agora, tem uma espécie de feudo profissional. Só fala com profissional. Proprietário, que é quem paga o imposto, segundo este aviso, não é atendido, não é gente, não é contribuinte.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ao trazer esta denúncia ao Plenário, vou aguardar que os companheiros do PT possam justificar, explicar o que é que está acontecendo na SMOV, porque esse é o tipo de resolução não apenas antipática, genericamente, mas diria desrespeitosa e, sobretudo, prejudicial ao andamento da economia da Cidade. Parece-me que isto aqui é como aquela história: “Por que simplificar se nós podemos complicar?”

Fica aqui a nossa denúncia, aqui está o documento. E foi muito curioso porque, quando o nosso fotógrafo compareceu lá, o pessoal sumiu. Ninguém queria aparecer nas fotografias. E na semana passada, quando conversávamos com os técnicos, eles igualmente mostravam-se perplexos, o que evidencia que foi uma decisão tomada de cima para baixo - portanto, por chefias - e que não corresponde sequer ao posicionamento ou ao interesse dos funcionários, porque eles próprios mostravam-se perplexos e não sabiam explicar o que havia acontecido para a tomada dessa decisão. Não sei se é para poupar hora-extra, ou coisa desse tipo, mas, na verdade, nós estamos prejudicando todas as pessoas interessadas e, sobretudo, discriminando, porque, no meu entendimento, esse aviso gera, efetivamente, uma inconstitucionalidade.

Espero, portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que a Prefeitura e os companheiros do PT se manifestem a respeito dessa situação. Para uma Prefeitura que se diz democrática e popular, isso é profundamente lamentável. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que nos traz a esta tribuna hoje é a necessidade de instalação de unidade móvel de atendimento médico de emergência em alguns parques e praças em Porto Alegre. Inclusive, ingressamos com um Pedido de Providências e com um Projeto de Lei.

No dia 23 de maio último, faleceu, no Parque Marinha do Brasil, o Sr. Paulo Ricardo Alves, 37 anos, casado com Rociarei de Souza Marques Alves, deixando um filho de sete anos.

Foi mais uma das tantas pessoas neste País e neste mundo que, ao fazerem alguma atividade física não-orientada, acabam morrendo. São aqueles famosos freqüentadores que fazem as suas atividades físicas somente em finais de semana.

Nós sabemos que, constantemente, morrem pessoas nessa situação. Só que essa pessoa morreu aqui, ao nosso lado, próximo da Câmara. E, por incrível, naquele local, onde mais de cinco mil pessoas aos finais de semana e feriados praticam o seu lazer, não apareceu ninguém para socorrê-lo. As pessoas viram Paulo Ricardo contrair o infarto, chegaram perto dele, mas cada uma deu uma desculpa, que não tinham como transportá-lo. Passaram-se quase trinta minutos quando finalmente ele obteve o socorro e, ao ser encaminhado para o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, veio a falecer. Por isso, estamos solicitando ao Poder Público Municipal que coloque, nesses locais de grande fluxo, uma unidade móvel para que, em caso dessas necessidades, as pessoas pudessem ter, o quanto antes, o pronto atendimento. Temos certeza de que inúmeras vidas poderiam ser salvas.

A prática desportiva, a cada dia que passa, está sendo mais utilizada. Primeiro, porque está crescendo a conscientização da população da necessidade de praticar uma atividade física. Segundo, devido ao aumento da expectativa de vida da população que, ao se aposentar, começa a fazer alguma atividade física. E também devido à redução de jornada de trabalho e por haver, no nosso País, cada vez mais, um número maior de desempregados, as pessoas, com o seu tempo livre, vão fazer uma atividade física. Só que essas atividades físicas, realizadas de maneira não-sistemática e não-orientada, podem causar essa tragédia como causou a essa pessoa. Pessoa na sua mais tenra idade, morreu aqui, no Marinha do Brasil, por falta de assistência. Se o Poder Público Municipal pudesse colaborar e colocar unidades móveis, eu tenho certeza de que centenas de pessoas poderiam receber uma assistência maior e, ao mesmo tempo, fazer com que Porto Alegre, que é a Cidade de melhor qualidade de vida, pudesse elevar ainda mais seu padrão de vida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. José Valdir, e dada posse ao Suplente, conforme consta da Ata.)

 

O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores: “Eu, cada vez mais, me orgulho de ser filho desta Cidade, porque ela será um exemplo, e é um exemplo em todo o nosso País, sobretudo numa época como esta, de inquietações, de dúvidas e de medos. Porque Porto Alegre ainda é uma cidade que, mesmo que se abra a Caixa de Pandora, donde saem todos os males, fica no fundo do seu coração, com a esperança, a grande esperança no seu futuro.”

Essas palavras são de José Loureiro da Silva num dos últimos pronunciamentos públicos feitos em Porto Alegre, quando agradecia, de improviso como quase sempre fazia, ao povo de Porto Alegre, a magnífica contribuição de um equipamento de Raios-X, em campanha promovida pela “Rádio Guaíba” para o Pronto Socorro. O mais moderno equipamento de Raios-X era trazido para Porto Alegre pelo seu povo.

O mais curioso de todos os fatos nessa frase é que Loureiro, ao pronunciá-la, disse: “Eu, cada vez mais, me orgulho de ter sido...” - e corrige para “ser” - “filho desta Cidade...”. Parecia que ele estava dizendo adeus a Porto Alegre, uma vez que, pouco tempo depois de deixar a Prefeitura, morreria na Rua da Praia no auge da glória.

O Rio Grande do Sul inteiro estava feliz por ver que Loureiro havia sido convidado para ser Secretário da Fazenda, e só a simples menção do seu nome ,o Rio Grande se revigorou. E hoje lá no seu monumento, na avenida que leva o seu nome, depositamos uma corbelha . Todos os anos os seus amigos fazem isso.

Loureiro foi Prefeito num momento que a Prefeitura tinha extremas dificuldades. Foi Prefeito quando ainda não se tinha computadores, foi ele que introduziu computadores na Prefeitura. O primeiro computador tinha três vezes o tamanho desta tribuna, deveria ter uns 2,80 metros de altura por outros tantos de largura, era hexagonal, creio - não lembro perfeitamente -, era uma fábula de máquina.

Naquele tempo os números eram precisos, concisos, eram claros.

Fiz uma pergunta ao Prefeito de Porto Alegre sobre uma afirmação do Secretário da Fazenda, mostrei o jornal, o meu Pedido de Informações, que o IPTU pago à vista dá 49 milhões de reais. Isto no dia seis de fevereiro, e ele estava referindo-se ao mês de janeiro. E eu, como sou leitor assíduo do “Diário Oficial do Município” constato que, depois de janeiro, fevereiro, março e abril somados, nós chegamos, realmente, aos 49 milhões.

E um dia fiz uma pergunta e acharam que não podia fazê-la, porque eu tinha muita responsabilidade. Claro que tenho muita responsabilidade, sou Vereador desta Cidade e devo fiscalizar o que ocorre. Mas acho profundamente estranho, quando a Internet está na casa de todos, quando o computador informa com maior precisão e rapidez que o Secretário da Fazenda nos seus balancetes, que não são apresentados na forma da lei, porque é clara, precisa e concisa, quando diz: o arrecadado no mês, o gasto no mês, até o mês e o previsto. Isto não está sendo feito.

Mas volto à extraordinária figura de José Loureiro da Silva que encontrou uma Prefeitura com o salário dos servidores atrasados, muito atrasados, quatro meses, e ele os colocou em ordem. E eu disse, Sr. Presidente, de que não havia computadores na Prefeitura, mas o Dr. Loureiro entrava na Prefeitura e a primeira coisa que fazia, diariamente, era se dirigir ao Dr. Loreno Leonel Tonin e perguntar quanto havia entrado, no dia anterior, nos cofres da Prefeitura para fazer a distribuição no primeiro ano, para cobrir os gastos mais essenciais. E não tinha computador! Ele foi uma figura extraordinária, da qual nós sentimos falta e gostaríamos que tivessem muitos Loureiro da Silva para ajudar este Brasil a crescer, e a este Estado e a esta Cidade progredirem cada vez mais. Saúde e Paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos cumprimentar as professoras e os alunos da Escola de 1º Grau Cruzeiro do Sul. Está presente a Vice-Diretora, Sra. Alda Maria, e as Professoras Fátima, Venita, Joice e Ely. Todos são muito bem-vindos à Casa. Obrigado por estarem aqui e pelo trabalho maravilhoso que estão executando nessa Escola.

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, importantes projetos estão na Pauta de hoje e quero, rapidamente, comentar três deles. O primeiro é um Projeto Substitutivo, de minha autoria, a um Projeto do Ver. Reginaldo Pujol, que institui o Prêmio Urbanista da Metrópole e dá outras providências. A modificação proposta por esse Substitutivo é, principalmente, no que diz respeito aos profissionais que podem concorrer a esse Prêmio. No Projeto original o Ver. Reginaldo Pujol se centrava muito nos arquitetos e engenheiros, mas existem outros profissionais, que não trabalham com essa amplitude, e podem participar desse concurso. No entanto, alertado pela Procuradoria da Casa, tanto no projeto original como no meu próprio, há um vício de iniciativa. Isso, na verdade, é uma iniciativa do Prefeito. Apresentei um Substitutivo: primeiro, por já haver um projeto em andamento; segundo, por saber que o Executivo, Ver. Reginaldo Pujol, tem simpatia por esse Projeto. Mas seria necessário que nós - V. Exa. como autor do Projeto original e este Vereador que apresentou o Substitutivo - fizéssemos algum contato com o Executivo Municipal para sabermos se, de fato, teria sinal verde não para a tramitação, porque o Executivo não teria como intervir nisso, mas, depois, para que aceite o Projeto e o sancione, para que não façamos um trabalho que depois possa vir a ser estancado. Porque, de fato, eu vejo que não há dúvidas quanto a esse aspecto da iniciativa.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu saúdo o ingresso de V. Exa. na discussão. Esse é um Projeto que nós, deliberadamente, não forçamos a sua apreciação na Casa. Ele ingressou na Casa em 09 de abril de 1997, portanto, ele tem mais de um ano. Evidentemente, que todas as Comissões que se manifestaram até agora, se manifestaram favoravelmente, e que há esse óbice que V. Exa. levantou, argüido pela Procuradoria da Casa, que tenho a impressão que numa discussão mais clara sobre o assunto, com toda segurança, pode ser superado.

De qualquer sorte, e saudando o ingresso de V. Exa. diretamente no assunto, estou disposto a dialogar com V. Exa., ou com o Governo do Estado, ou com o Governo do Município, ou com quem seja para que viabilizemos essa homenagem àquele que tem pugnado pelo urbanismo na Cidade com contribuições excelentes, registradas e plasmadas em todo um ordenamento jurídico que existe hoje, em Porto Alegre.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Outro Projeto que eu quero me referir é o do Ver. Elói Guimarães, que propõe que, oficialmente, a árvore seja assumida como símbolo ecológico de Porto Alegre. Eu acho que é um tema interessante a ser debatido. No entanto, conversando com alguns colegas Vereadores, achamos que esse assunto poderia ser motivo de um concurso, de uma escuta mais ampla da população de Porto Alegre, para que definíssemos qual é de fato o símbolo ecológico de Porto Alegre. Embora, volto a dizer, a árvore é um elemento importantíssimo, Porto Alegre é uma das cidades mais arborizadas do Brasil, eu acho que esse é um motivo interessante para que ampliemos significativamente o debate.

Por último, quero me referir também ao Projeto do Ver. Cyro Martini, que propõe a Semana Municipal do Trânsito, que abre um debate muito interessante, e vários Vereadores já falaram sobre isso. E para aprofundar um debate sobre o trânsito, não só em Porto Alegre, mas em qualquer cidade do mundo, nós não podemos ser superficiais. Ontem ,eu ouvia o noticioso em uma televisão, que se referia a uma cidade da América Latina e que a crítica era exatamente a mesma, a cidade tinha um número “x” de veículos e em pouco tempo esse número triplicou. Não há investimento público suficiente para resolver essa questão, a menos que ela seja centrada no transporte coletivo. Todas as cidades do mundo que resolveram esse problema é porque trabalharam assim: centrado no transporte coletivo. E não é verdadeira, pelo menos na totalidade, de que as nossas administrações não têm investido em vias da Cidade. Eu posso aqui citar a Antônio de Carvalho, a Faixa Preta, a Eduardo Prado, vários outras que inclusive se preparam agora; a Terceira Perimetral, que é obra já prevista e já ultrapassou várias outras administrações que também não investiram lá, várias outras, não só a nossa. E quem vai fazer? Exatamente a nossa Administração, mas não resolverá o problema do trânsito de Porto Alegre. Nós temos que descentralizar a Cidade, aumentar o número de ônibus, aumentar o número de linhas e assim por diante, senão a discussão fica absolutamente superficial. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o tema que me traz à tribuna é da maior importância e revela um drama que vive, há bastante tempo, uma família da nossa Cidade, e que se reveste de alguns aspectos de verdadeira desumanidade. Há cerca de pouco mais de dois anos, um senhor e seu filho, na época o menino tinha dois anos de idade ou um pouco menos, assistiam a um jogo de bocha em um dos Centros Comunitários mantidos e dirigidos pela FESC. Houve um problema de desentendimento, entre jovens, numa atividade dentro do Centro Comunitário, e foi disparado um tiro e esse tiro atingiu a cabeça do menino Gustavo. Esse menino que até então tinha uma vida absolutamente normal, passou a ter vida vegetativa, perdeu a visão, a audição e todos os movimentos e a tragédia se abateu naquela família. O que se esperava, naquele momento, era que a FESC assumisse a responsabilidade objetiva pelo fato, pois o mesmo havia ocorrido nas suas dependências e, obviamente, de alguma maneira, se é que é possível auxiliar de forma eficaz numa situação como essa, mas que pelo menos demonstrasse o grau de responsabilidade que tinha em relação àquela verdadeira tragédia que ocorreu num Centro Comunitário sob a sua responsabilidade. Entretanto, o que a FESC fez foi exatamente o contrário. Buscar desesperadamente não se vincular à tragédia do menino Gustavo e deixar que o menino pobre, sem condições, assumisse todos os ônus do tratamento e das dificuldades decorrentes de tal tipo de acontecimento.

Em 1996 o Movimento de Justiça e Direitos Humanos marcou uma audiência com a direção da FESC e pediu que minimamente auxiliasse, pelo menos nas questões mais emergenciais, já que uma Clínica particular havia, numa demonstração extraordinária de amor ao próximo, assumido gratuitamente o tratamento para tentar recuperar alguns movimentos do menino.

Em função de uma posição judicial, a FESC foi compelida a dar um rancho mensal, enquanto durasse o processo de averiguação de responsabilidade. Naquele ano, em 1996, a direção da FESC, então dirigida pela Sra. Sônia Passos, passou a fornecer o rancho mensal; fraldas e passagens para ida e volta à clínica de tratamento. A partir de 1997, a FESC cortou toda e qualquer ajuda ao menino. Nós, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, tentamos fazer a nossa parte: passamos a fornecer o rancho mensal, que a FESC não dava mais; as fraldas descartáveis, que a FESC não dava mais; as passagens de ônibus, que a FESC não dava mais. Fizemos contatos com a Clínica e pedimos que fosse mantido o tratamento e, de fato, ele o foi. Também pedimos que, pelo menos, os novos aparelhos que a Clínica solicitava e que dariam condições ao menino de recuperar alguns dos movimentos, fossem fornecidos pela FESC. Nada disso foi atendido e nós compramos esses aparelhos.

Agora, Srs. Vereadores, devido à responsabilidade objetiva da Entidade, que tinha sobre aquele Centro Comunitário a absoluta gerência, administração e responsabilidade objetiva, que assuma, pelo menos, parte desse tratamento e parte dos aparelhos necessários à recuperação desses movimentos. O menino tem feito progresso, tem conseguido, inclusive, recuperar parte da visão e da audição, mas se a FESC continuar com a sua posição absolutamente desumana, com certeza, teremos mais dificuldades e mais motivos para denunciar fatos como esse aqui na tribuna. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Há algum Vereador que queira se manifestar em tempo de Liderança? Não há mais inscritos.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Indago às Lideranças dos Partidos - a Liderança já foi utilizada pelo PSDB, PSB, PPB e PDT - se é possível a Vera. Maria do Rosário utilizar o tempo de Liderança. “Dura lex”, não é possível a Liderança, Vera. Maria do Rosário.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, na Sessão passada, solicitei tempo para falar em Comunicação de Líder quando havia sido pronunciado meio nome do primeiro nome da chamada, o do Ver. Adeli Sell. Aplicando a dura lei do Regimento, não me foi permitido o pronunciamento. Agora, a Mesa não tinha que perguntar, a Mesa tinha que dizer que não é possível. (Apartes paralelos.) Estão colocando em mim uma posição de quem concorda ou não concorda. Isso é uma postura da Mesa.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, a decisão já está tomada.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero somente registrar que a Bancada do PT não quer trazer nenhum constrangimento, acata a sua deliberação e já retira qualquer requerimento, concordando com a sua deliberação.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Requerimento): Sr. Presidente, eu queria requerer, ao entrarmos na Ordem do Dia, que fosse invertida a ordem, passando o PLE nº 003/98, da pág. 18, a ser o primeiro e os restantes seguiriam a mesma ordem.

 

O SR. PEDRO RUAS (Esclarecimento): Apenas quero deixar registrado, Sr. Presidente, que a Bancada do PDT concordou com o pedido da Vera. Maria do Rosário.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO (Questão de Ordem): Eu pergunto à Mesa se não é anti-regimental a utilização de Comunicação de Líder no decorrer do período de Pauta que estamos neste momento.

 

O SR. PRESIDENTE: Não estamos no período de Pauta.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Esclarecimento): Sr. Presidente, só me permita referir que eu fiz uma consulta e não um requerimento, e a Mesa estava me respondendo. Não quero deixar o Presidente em situação difícil. Está indeferida a consulta e, para a nossa Bancada ,está resolvida.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Eu só quero esclarecer que a minha informação foi feita à Mesa, não à Vera. Maria do Rosário. Portanto, a Mesa é que deve responder.

 

O SR. PRESIDENTE: E eu respondi a V. Exa., Vereadora. Colocaremos em votação o Requerimento de autoria do Ver. Fernando Záchia, para que seja apreciado, primeiramente, o PLL nº 003/98, logo após segue a ordem normal dos trabalhos. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Srs. Vereadores, para esclarecer o Ver. Cláudio Sebenelo e a Vera. Clênia Maranhão, a Mesa procurou esclarecimento junto à Diretoria Legislativa. Existe um parecer que dirimiu qualquer dúvida. Uma vez iniciada a chamada para entrada na Ordem do Dia, esgotou o tempo para fazer Comunicação de Líder. A Mesa tentou encaminhar um assunto entendendo que poderia, mas nos certificamos agora - é motivo de um parecer - que não pode. Esclarecidos? Foi um gesto de democracia que nem sempre é entendido.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

PROC. 0230/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 003/98, que institui a Área Especial de Interesse Social em parte de Área Funcional de Interesse Urbanístico instituída pela Lei Complementar nº 128-A, de 28 de novembro de 1985, e dá outras providências.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Ávila: pela aprovação do Projeto;

- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto.

           

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 003/98. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós estamos discutindo Projeto de origem do Executivo que institui a Área Especial de Interesse Social em parte, sublinhe-se, em parte, de Área Funcional de Interesse Urbanístico instituída pela Lei Complementar n.º 128-A, de 28 de novembro de 1985, e dá outras providências.

A enunciação da ementa desse Projeto de Lei, para a maioria da pessoas, pouco tem a dizer. Quem sabe o que a Lei Complementar nº 128-A, de 28 de novembro de 1985 estabeleceu? É preciso que se vá buscar dentro do Processo para saber do que se está tratando nesse Projeto. A alteração prevista se destina, fundamentalmente, a uma área bastante conflitada em termos urbanístico da Cidade, nas proximidades da Vila Teodora, da Vila Farrapos, do Conjunto Residencial Castelo Branco, eis que, no presente Projeto, como esclarece o Ver. Nereu D’Ávila, relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça, conforme estabelecido no artigo 49 da Lei Complementar nº 43/79, em duas áreas localizadas na Rua Frederico Mentz, 625, e Dona Teodora, 396 e 442. Aí esclarece porque se diz que é parte da área, porque são em terrenos específicos que representam bolsões especiais dentro dessa área, onde se pretende instalar um regime urbanístico especial. O Projeto de Lei, no seu artigo 2º, diz que o regime urbanístico a ser observado na Área Especial de Interesse Social ora instituída é o seguinte: densidade, 175; atividade, 0,7; aproveitamento, 0,2; altura, 15; taxa de ocupação 5; recuo de jardim, isento. No parágrafo único evidencia a toda prova a excepcionalidade quando diz: “Lotes, áreas de 81m2, testada, 4,5m; profundidade, 18m; padrões vários, com passeios de apenas 1,50m; pista de rolamento, 6m.”. É tudo excepcional. Na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento há o Parecer do ilustre Ver. João Carlos Nedel, aprovado pela maioria, pela totalidade dos que votaram naquela ocasião, recebendo algumas restrições não-clareadas do Ver. João Dib. Fico com a conclusão deste Parecer que diz que a matéria tem mérito, uma vez que objetiva um fim na regularização da área com ocupação irregular. Precisa-se dizer, com toda clareza, que isso se trata de problemas antigos de Porto Alegre, áreas absolutamente degradadas, com situações urbanísticas as mais diferenciadas, e que jamais conseguirão ser regularizadas se não houver um regime especialíssimo que lhes contemple e possibilite essas situações absolutamente excepcionais. A minha tendência é votar favoravelmente, especialmente porque sou alertado pelo Vereador-Relator da Comissão de Finanças e Orçamento de que se trata do parcelamento de solo para reurbanização da Vila Tio Zeca encaminhado pela Secretaria de Obras Públicas, Saneamento e Habitação, um projeto específico que está-se buscando fazer naquela área. Então, apesar dessa complexidade de letras, números e leis que envolvem o problema, no fundo, ao final, o que se quer é dar um tratamento especial a essas áreas degradadas. Pessoalmente, Ver. João Dib, apesar das suas restrições, que provavelmente sejam pela forma e não pelo conteúdo, venho à tribuna para dizer que, salvo algum fato novo que a sabedoria dos colegas, ao longo desta discussão, venha trazer à tona, eu me inclino para, sem muita delonga, votar esse Projeto de Lei favoravelmente, na tentativa de viabilizar essas intervenções urbanas excepcionais que se buscam fazer nos dois níveis, tanto no Governo do Município como no Governo do Estado, em áreas degradadas que há muito precisavam ser enfrentadas como agora nós estamos procurando fazê-lo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para discutir.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fiz questão de falar porque vamos discutir o Plano Diretor agora e são questões do ponto de vista do esclarecimento. O Ver. Reginaldo Pujol, de uma forma muito correta, com a sabedoria que lhe é comum, fez alguns comentários sobre esta Lei e queria dizer que casualmente eu tinha no meu gabinete, em 1984 - ou seja, 14 anos atrás - a pedido de Vereadores (Valneri Antunes, Artur Zanella, Caio Lustosa), feito uma solicitação ao setor técnico da Casa, no qual eu tive a honra de trabalhar por alguns dois ou três anos, e, nós, descobrimos que a Lei atual, que é a Lei nº 43/79, que é a Lei do Plano Diretor e Desenvolvimento Urbano - se o Ver. Reginaldo Pujol me der a honra da sua atenção - a ela foi feita uma Lei Complementar que é a Lei que foi discutida agora, para transformar o Regime Urbanístico. Hoje, estes regimes urbanísticos estão todos contidos na Lei que foi aprovada no ano passado, de autoria do Ver. Décio Schauren e com o apoio de vários outros Vereadores, que são as áreas especiais de interesse social – AEIS. Na época, descobrimos um artigo da Lei 43/79, que está em vigor, que nós legislávamos especialmente para fins sociais dizendo: “ área de interesse urbanístico e social”. Foi lá que este Vereador instruiu um processo que resultou na Lei que agora está sendo modificada para atualizar as atuais propostas em vigência mas, graças aquele tipo de intervenção, vários projetos na área do Humaitá-Navegantes foram feitos. Projetos de interesse social ligados diretamente à habitação popular. Hoje estão sendo retomados os assuntos sobre outra áreas. Eu fiz questão de falar até por uma espécie de saudosismo que na época nós trabalhamos com este tipo de argumento e que hoje, o que poderia ter sido feito há 14 anos, está sendo feito finalmente, apesar de que durante este prazo outras obras, outras intervenções na área de urbanismo, na área social de habitação popular foram feitas naquela mesma região, graças àquele tipo de legislação que foi feito.

É muito importante que tenhamos consciência da necessidade das AEIS (Áreas Especiais de Interesse Social) para que se possam fazer planos específicos para a habitação popular que fujam aos padrões mais exigentes do Código de Obras e da Lei do Plano Diretor, nos seus critérios de regime urbanístico considerados normais para aqueles setores onde o poder aquisitivo e as questões sociais não são tão fortes e podem ser atendidos dentro da lei vigente. Tem o aparte o Ver. Antônio Losada.

 

O Sr. Antônio Losada: Apenas para fortalecer a argumentação de V. Exa.: nesta área dos Navegantes, área de extrema carência, de extrema pobreza, está havendo a reorganização da Vila A. J. Renner, Vila N. Sra. da Paz, a implantação do Conjunto Habitacional Pampa, destinado aos moradores da Vila Esperança. Tudo isto com a possibilidade do parcelamento do solo e da regularização fundiária. Esses projetos estão em pleno andamento.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Apenas para completar a argumentação, Ver. Reginaldo Pujol, aqui existe um ofício do Ver. Artur Zanella ao Sr. Reginaldo Pujol, Diretor Geral do DEMHAB.

V. Exa., Ver. Reginaldo Pujol, anda metido nisso há muito tempo. Então, são questões que, de certa forma, são interessantes e que nos orgulham. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para discutir o PLE nº 003/98 tem a palavra a Vera. Clênia Maranhão.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, estamos discutindo neste momento, talvez, o projeto mais importante para votação nesta tarde. Nós, enquanto Vereadores, teremos a possibilidade de contribuir com a solução de um problema que se arrasta há décadas em nossa Cidade, como falou o Ver. Clovis Ilgenfritz que participou do processo, assim como vários Vereadores desta Casa. Nós estamos discutindo o Projeto que institui área de interesse social para duas regiões da nossa Cidade localizadas na Frederico Mentz e na Vila D. Teodora. A solução dessa questão é fundamental para os moradores daquelas duas áreas. Quem conhece aquelas ruas, enormemente degradadas, sabe das condições de alagamento e das dificuldades de sobrevivência da população, principalmente, nesta época do ano.

Eu, quando fui diretora da LBA, acompanhei muito de perto, através dos programas que lá implantávamos, as condições de vida das famílias daquelas duas regiões.

O Decreto de utilidade pública do Governo do Estado incluiu a definição dessas duas áreas, portanto elas já estão descritas neste Decreto.

O Governo do Município encaminha a esta Casa e é necessária a aprovação dos Vereadores para que esta área seja instituída como área especial de interesse social. A decisão que aqui tomamos agilizará ou não as soluções para, aproximadamente, 1760 famílias. Acredito que aprovaremos por unanimidade, porém fiz questão de discutir esse Projeto, tendo em vista que ele se refere a uma população expressiva da região dos Navegantes e porque, assim, teremos a oportunidade de falar, de denunciar, de aprofundar as discussões sobre a questão fundiária de nossa Cidade e a necessidade de agilização de procedimentos para a construção de moradias populares no nosso Município. É importante sabermos que as parcerias necessárias estão sendo encaminhadas e que esta Câmara, enquanto Poder Público Municipal Legislativo, tem que acelerar a sua decisão para que as mais de 1700 famílias das regiões da Frederico Mentz e da Vila Tio Zeca possam, enfim, viver numa área urbanizada, com condições dignas de vida. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A Mesa quer fazer um convite a todos os Vereadores e funcionários da Casa, as pessoas conhecidas da nossa colega Alceste, que nós teremos hoje a missa de 7º dia, às 18 horas, na Igreja Santa Terezinha.

O Ver. Décio Schauren está com a palavra para discutir o PLE nº 003/98.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós estamos discutindo um Projeto do mais alto mérito social: estamos tratando da regularização e reurbanização da Vila Tio Zeca.

O Projeto de Lei do Executivo cria nesta região Humaitá-Navegantes, Áreas Especiais de Interesse Social - AEIS, do tipo 2 e 4. O que é que diz a Lei das AEIS quando cita o tipo 2? São áreas de ocupação ou de loteamentos auto-produzidos, se poderia dizer, que é o caso da Vila Tio Zeca. Então, a Lei das AEIS faz uma alteração do Plano Diretor e permite que, nessas áreas - vilas já consolidadas -, possam haver regras especiais de uso e parcelamento do solo, o que permitirá que essas vilas possam ser regularizadas e reurbanizadas.

Como a ocupação nessa região é intensiva, e não há condições de reassentamento com condições dignas de vida no local onde está a Vila Tio Zeca, o Executivo também cria Área Especial de Interesse Social do tipo 4. O que é isso? O tipo 4 são vazios urbanos destinados, especificamente, à produção de moradia popular. Então, isso é feito para complementar o assentamento daquelas famílias da Vila Tio Zeca.

Esse Projeto tramitou apenas em duas Comissões e foi pedida urgência quando ele estava chegando na Comissão que eu presido: a Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação.

Nós, evidentemente, somos favoráveis à urgência do Projeto pelo próprio mérito, e eu acho que ele vai ser aprovado por unanimidade. É uma reivindicação antiga daqueles moradores, é um problema social seriíssimo que está efetivamente começando a ser resolvido com a regularização e reurbanização da Vila Tio Zeca e com a criação de mais uma Área Especial num vazio urbano para reassentamento do restante do pessoal que não pode ser assentado no local onde está hoje.

Nós somos pela aprovação do Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Não há mais quem queira discutir. Em votação o PLE nº 003/98. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, por unanimidade.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, eu estive conversando com as Lideranças, não consegui falar com todas, ainda, mas gostaria de requerer uma nova inversão na ordem dos trabalhos para que pudéssemos votar a autorização para a ausência do Prefeito Municipal de Porto Alegre, do País, de 09 a 17 de junho de 1998, em viagem à França e à Venezuela.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento da Vera. Maria do Rosário que solicita a inversão na ordem dos trabalhos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1801/98 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 008/98, que autoriza o Prefeito Municipal a ausentar-se do País, de 09 a 17 de junho de 1998.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PDL nº 008/98, de autoria da Comissão de Constituição e Justiça. O Ver. João Dib está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, respeito é algo que faz bem a todos.

Fui Prefeito quando diziam que imperava o autoritarismo. Mas o respeito do Executivo ao Legislativo foi algo a ser imitado e que hoje não existe mais.

O Prefeito de Porto Alegre pede autorização para viajar do dia 09 ao 17 de junho na qualidade de representante oficial da Cidade, convidado oficial da cidade francesa de Saint-Denis, onde participará de reuniões com os Ministério de Relações Exteriores e Infra-estrutrura e Urbanismo daquele país, onde serão gestionados o Projeto Tecnópole e Projeto Integrado de Revitalização e Tecnologia da Região do 4º Distrito.

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há alguns dias votamos autorização para o Vice-Prefeito, que representa o Prefeito sempre que for necessário, e ele já está lá na França. Por que vai sair o Prefeito daqui para ir à França? Assinará um protocolo de intenções e de cooperação - ele está dizendo e eu estou acreditando: “aproveitando a oportunidade e o convite formulado pela referida cidade francesa, estarei presente na cerimônia de abertura da Copa do Mundo de Futebol da França, bem como na partida Brasil x Escócia que acontecerá em Saint-Denis, no Estádio de França. A seguir, de 14 a 16 viajarei para a cidade de Caracas, Venezuela, onde estarei representando Porto Alegre no Seminário Internacional sobre Sistemas de Integridad en América Latina, na qualidade de palestrante numa promoção da União Internacional de autoridades locais. O ônus da viagem em questão será arcado - a maior parte - pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, e em parte pelos promotores dos eventos. Desta forma caberá ao Município as despesas de quatro meias-diárias, período na França, totalizando 865 reais, e 3.083 reais de passagem aérea. Esclareço que o trajeto Caracas-Porto Alegre será custeado pela entidade promotora do evento”.

Depreendo do que aqui está escrito que o Prefeito é hóspede oficial de Caracas, na Venezuela.

E por que iniciei dizendo que o respeito faz bem a todos? Pois eu, Prefeito, em outubro de 1983 pedi licença para viajar para Porto Rico como convidado oficial. As gestões para que eu viajasse a Porto Rico, como convidado oficial, iniciaram em 24 de junho de 1983. Eu ia viajar quatro meses depois. O alcaide daquela cidade, Dr. Hernan Padilla, oficiou a este Prefeito, que incluiu o ofício no expediente que encaminhou à Câmara Municipal. A Dra. Amparo Rodrigues, Diretora Executiva da Conferência, encaminhou correspondência ao Prefeito, que incluiu para os Vereadores; o Dr. Diogo Lordelo de Mello, do Instituto Brasileiro de Administração Municipal e Presidente de honra da comissão organizadora da conferência das grandes cidades americanas, encaminhou correspondência ao então Prefeito, que incluiu para que os Vereadores pudessem analisar. O cônsul americano em Porto Alegre, recebendo correspondência de San Juan de Porto Rico, encaminhou correspondência, que o Prefeito colocou para que os vereadores analisassem. E aqui está. Os Vereadores debateram, e debateram longamente. E há coisas estranhas. Há uma declaração de voto do Ver. Antonio Hohlfeldt, da Vera. Jussara Cony - não conheço a outra assinatura. Termina assim a Declaração de Voto: “Ao Administrador, negamos o licenciamento, pois é inconveniente ao interesse da Cidade. Ao cidadão, os melhores votos de uma boa e feliz viagem”.

Prefeito de Porto Alegre, respeite um pouco mais a sua Cidade, mostre os documentos que o convidaram e não faça menos caso dos Vereadores, que entendem e sabem ler. V. Exa. foi convidado para Caracas, não para a França. Lá V. Exa. não é convidado oficial; em Caracas, V. Exa. é. Saúde e paz, e boa viagem.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todos sabem nesta Casa que eu me alinho àqueles que, como o Ver. Pedro Américo Leal, entendem que nós devemos, sempre que justificadamente, facilitar, estimular viagens de representantes do Município a outros pontos deste País, da América e, até, do mundo. Tenho reiteradamente me manifestado nesse sentido.

 Inobstante, Sr. Presidente e Sr. Secretário, no dia de hoje eu tenho uma dificuldade muito especial, cujo contorno eu vou precisar da contribuição dos meus colegas Vereadores, para me manter firme naquela posição, ou, se for o caso, evoluir para outra posição diferente, porque, como já foi várias vezes acentuado nesta Casa, só não muda de opinião quem não as tem, e eu procuro ter opinião sobre os assuntos que transitam na Casa.

Eu não consigo entender, Sr. Presidente, e, às vezes, eu tenho que reconhecer que não sou um homem tão brilhante como a maioria da Casa, com tamanha inteligência que possa, sem uma explicação mais detalhada, entender algumas coisas. Eu não entendo, Vereador socialista Hélio Corbellini, onde é que está o Vice-Prefeito desta Cidade, José Fortunati, no dia de hoje? Se não me engano - e peço a todos os companheiros da Casa que me corrijam na eventualidade de eu estar equivocado - o Vice-Prefeito de Porto Alegre encontra-se no dia de hoje na França, e na Cidade para a qual nós estamos autorizando o Sr. Prefeito Municipal a se deslocar na véspera da abertura da competição esportiva mundialmente conhecida, que é a nossa famosa “Copa do Mundo”, onde, malgrado Zagallo e outras circunstâncias, ainda depositam-se algumas esperanças de um feito esportivo para o País. Eu estou equivocado, Ver. João Dib? Será que estou, Ver. Fernando Záchia? V. Exa., que é inteligente. Hoje, o Vice-Prefeito está na França e parece-me que volta amanhã ou depois. Eu perguntaria se não era melhor mandarmos um telegrama para o Fortunati dizendo: “já que estás aí, fica mais um tempo, economiza essa passagem, não força o nosso Prefeito a ter que ter esse cansaço físico, de, em uma semana, ter que ir à Europa, Caracas e a outros pontos do mundo, quando o seu Vice-Prefeito já está na França”. Eu quero, honestamente, Sr. Presidente, dizer que o Município de Porto Alegre não pode estar ausente dos atos que estão sendo celebrados na França, e que envolvem o seu interesse. Não sei se é muito relevante a sua presença na abertura da Copa do Mundo, apesar de que eu entendo que, se o Prefeito vai até Saint-Denis, na abertura da Copa do Mundo, ele poderia se fazer acompanhar por alguns Vereadores desta Casa, e até eu faria esse esforço, de acompanhá-lo nessa oportunidade. Ele poderia convidar um Vereador gremista, e nesse caso eu me incluiria, e um colorado - iria ter uma briga entre o Sebenelo, o Corbellini, o Záchia e todos os outros vermelhinhos que, certamente, gostariam de estar bem longe daqui, do que, no domingo, ter que enfrentar o Juventude no Beira-Rio.

Mas, falando com a maior seriedade possível, eu não estou conseguindo entender o mecanismo desse processo, pois nasci em Quaraí e usei bombacha até um tempo alto, não sou muito letrado, consegui, a duras penas, fazer um curso superior e quase consegui fazer outro. E ainda não consegui entender algumas coisas da lógica, e a lógica é, dentro da filosofia, a postura mais científica que a gente pode encontrar, até porque, às vezes, temos a lógica matemática.

Senhor Presidente, eu concluo dizendo o seguinte: tenho a viva esperança de que, no decorrer desse debate, me esclareçam se é lógico e racional mandar buscar o Vice-Prefeito da Cidade, de Paris, de Saint-Denis e, ao mesmo tempo, fazer cruzar no ar com ele, o Prefeito de Porto Alegre para a mesma finalidade. Se me explicarem, se me convencerem que isso tem lógica, tem racionalidade, eu certamente continuarei com a minha posição de autorizar as viagens sucessivas do Sr. Prefeito. Caso contrário, eu vou ter que dar muitos tratos à bola para sair dessa enrascada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência informa aos Srs. Vereadores interessados em acompanhar o processo de apuração das eleições para os Conselhos Tutelares que o endereço na Internet é: http://www.prefpoa.com.br. A apuração está acontecendo no Clube Geraldo Santana, na Rua Luiz de Camões, Partenon, quase esquina com a Bento Gonçalves.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Requerimento): Sr. Presidente, creio que o interesse é de todos nós. Assim, eu pediria que V. Exa. providenciasse cópia desse endereço a todos nós para podermos acompanhar, realmente, esse processo e informarmos aos nossos eleitores.

 

O SR. PRESIDENTE: Pedimos a nossa Assessoria Legislativa que providencie o endereço do Clube e na Internet para os Srs. Vereadores.

Registramos a presença, entre nós, de duas lideranças nacionais da área de arquitetura, recém- eleitos para a Federação Nacional de Arquitetos: a arquiteta Maria Luiza Chaves e o arquiteto Eduardo Bimbi, que nos visitam nesta tarde. Sejam bem-vindos.

O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para discutir o PDL nº 008/98.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, saúdo também o Presidente Cláudio Duarte, figura ilustre de Porto Alegre, que deve estar um pouco estarrecido por ver que a Câmara Municipal de Porto Alegre está discutindo uma matéria autorizando ou não o Sr. Prefeito Municipal a fazer uma viagem ao exterior “para torcer pelo Brasil”, diz o Ver. Reginaldo Pujol. Eu, auxiliado pelo Ver. João Dib, pegava os dados e me surpreendia, porque eu não os tinha claramente.

No ano passado, o Sr. Raul Pont fez trinta viagens, sendo oito para o exterior. Ficou sessenta e quatro dias fora de Porto Alegre, representando - e muito bem - o nosso Município. Fez vinte e duas viagens nacionais. São cento e cinqüenta dias do ano de 1998, e o Prefeito já fez oito viagens, sendo duas para o exterior. O principal não se refere ao número de viagens, Ver. João Dib, o que me estarrece mais é que, dos cento e cinqüenta dias deste ano, o Prefeito Raul Pont viajou vinte e cinco. Isso corresponde a quase um mês. Está bem caracterizado que o Sr. Raul Pont gosta de viajar, ficou bem caracterizado que viajar é importante para ele, para que possa, lá, adquirir alguma experiência que tenha utilidade para a nossa Cidade. Mas o que me surpreende nessa viagem, na justificativa de motivos apresentada pelo Sr. Prefeito quando descreve o período de nove a quatorze de junho, é que ele, na França, assinará um protocolo de intenção, de cooperação sobre o tema da democracia local, protocolo que poderá se concretizar pela vinda de uma delegação a Porto Alegre. Ora, ele vai à França para assinar um protocolo que poderá ou não se concretizar com a vinda daqueles amigos franceses a Porto Alegre.

Diz o Sr. Raul Pont que os contribuintes irão pagar quatro diárias e meia, que é o período em que ele fica em Paris, e as passagens aéreas Porto Alegre/Paris. A sua viagem a Caracas, no entanto, não tem o custo das passagens e das diárias porque ele vai como convidado oficial. Ele vai sem despesa alguma para o Município, vai por conta dos amigos de Caracas, certamente representando a Cidade de Porto Alegre. Mas tem razão o Ver. Pujol: o Vice-Prefeito, Sr. José Fortunati, está em Paris representando o Município de Porto Alegre, adquirindo essa experiência administrativa, conhecimentos das experiências francesas, e regressará no dia oito para poder chegar em Porto Alegre e dar condições para que o Prefeito vá a Paris. E o Prefeito, como todos nós brasileiros, gosta de futebol, apesar de não ter demonstrado isso nas suas últimas atitudes. É um homem que invadiu o Beira-Rio, invadiu o Parque Gigante, um homem que vetou a “Rua Foguinho”, uma figura ilustre dos meios futebolísticos deste Estado, mas, como brasileiro, em época de Copa do Mundo, vai lá, assistir ao Brasil. E já começo a temer, Ver. Guilherme Barbosa, pela sorte da seleção brasileira no primeiro jogo. Não estou querendo chamar o Prefeito de “pé frio”, mas já começo a temer, porque quando tem pessoas que não gostam de futebol e vão lá torcer pelo futebol, eu já fico com esse receio.

V. Exa., Ver. Guilherme Barbosa, faz com que nós constatemos que estão brincando com Porto Alegre. O Prefeito Municipal está brincando com os recursos de Porto Alegre quando vai a Paris assistir à Copa do Mundo. Jamais este Vereadores fez algum comentário negativo quanto a sua ida a Caracas, porque ele vai como convidado oficial.

Agora, ir a uma cidade em que Porto Alegre está momentaneamente representada pelo Vice-Prefeito, quando já se discutiu nesta Casa as despesas com a passagem aérea, e fazer com que o Vice-Prefeito regresse na véspera para que o Prefeito possa ir à França torcer para o Brasil. Te cuida, Zagallo! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou olhando o Requerimento para conferir se realmente o Sr. Prefeito assinou esse documento e se rubricou suas páginas, pois, talvez, a sua assessoria pudesse ter feito esse pedido sem o seu conhecimento, e o Prefeito, distraídamente, não tivesse visto o Parágrafo Único do Projeto de Decretos Legislativos. “Atendendo a convite formulado pela cidade francesa de Saint-Denis, o Prefeito de Porto Alegre, Sr. Raul Pont, estará presente à cerimônia de abertura da Copa do Mundo de Futebol da França, bem como da partida Brasil x Escócia, que acontecerá no estádio de France, seguindo até a cidade de Caracas, na Venezuela”. Se não foi um descuido do Sr. Prefeito ao assinar esse Requerimento, isso beira a algo parecido com a desfaçatez ou despudor de uma autoridade municipal que, querendo ir à Copa do Mundo... E não há mal nenhum nisso. O Prefeito tem direito a trinta dias de férias. Então, que vá à Copa do Mundo descontando do tempo que tem de férias; que represente Porto Alegre, mas por sua iniciativa, com o dinheiro do seu bolso. Não vejo motivo algum para não descontar do tempo dos dias de férias a que teria direito, mas que o faça eticamente, de uma forma criteriosa, judiciosa, que é obrigatória ao homem público. Como disse o Ver. Pujol, por que não continuar lá na França o Vice-Prefeito Fortunati representando Porto Alegre? Prefeito e Vice-Prefeito têm a mesma força. Vejam o rigor como é tratado esse assunto. As oposições, em geral, são algumas vezes fáceis de serem feitas pela intolerância e, outras, muito difíceis, porque passa despercebido algumas coisas quando as pessoas, em um ato falho, abrem uma janelinha e se mostram, todas, como elas são. Como disse o Ver. Záchia, colorado como o Sr. Raul Pont, brasileiro como o Sr. Raul Pont, eu fico na dúvida: quem sabe foi um ato falho, ele não viu, ele assinou errado. Mas está prevista, no corpo do Projeto, a presença do Sr. Prefeito da Cidade em duas partidas do Brasil. Eu penso que isso é lazer, não é representação e que, principalmente, diluída entre 40, ou 60 mil espectadores na abertura de uma Copa do Mundo, a representação não é da Cidade de Porto Alegre; é um interesse individual. Por isso, vou votar contra e penso que o Prefeito, se aperceber dessa falta de critério, deveria ir à Copa, sem problema nenhum; usar o seu tempo de férias, mas que o faça às suas expensas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para discutir.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todos nós temos, obviamente, o direito e a obrigação, porque somos representantes da população de Porto Alegre, de expressar a nossa opinião, de registrar a nossa posição sobre qualquer fato, ato, qualquer circunstância que envolva o Município de Porto Alegre - basicamente, o Executivo Municipal e esta Câmara, além das questões específicas da nossa população. Tenho tido a oportunidade, em alguns momentos - e hoje foi um deles -, de estabelecer uma crítica séria, dura, muitas vezes, sobre determinados aspectos com os quais não concordo e em relação aos quais tenho, seguramente, um caminho melhor para apontar à Administração Municipal.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é inequívoco que esta Casa tem uma tradição de respeitar os convites que são feitos aos Vereadores, ao Prefeito Municipal ou a outros integrantes do Executivo Municipal, na medida em que são efetivamente esses convites que dão a medida da nossa importância no contexto nacional ou internacional, mediante solicitação da representação oficial de Porto Alegre. E é natural, como tem sido em relação aos Vereadores, em 100% das vezes em que houve convite a Vereadores, este Vereador votou favoravelmente à viagem, com diárias, com passagens, porque entendo que é importante a representação da Casa ou da Cidade, ou de ambas, em cada evento em que, obviamente, houver o convite formalmente aceito e corretamente encaminhado. E me parece, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que este caso que examinamos agora trata exatamente disso. S. Exa., o Sr. Prefeito Municipal, é convidado para determinados eventos e solicita à Câmara a licença para participar desses atos. E é natural que tenhamos o encaminhamento de aprovação a esse pedido do Prefeito, porque esse convite honra a Cidade de Porto Alegre, como honraria se fossem convidados Vereadores; como já aconteceu em algumas outras ocasiões. E entendo também, respeitando as opiniões em contrário - como sempre o faço -, que a França neste momento é o país-sede do futebol mundial, e não me parece demasia, não me parece exagero nenhum que um prefeito brasileiro, coincidindo a sua viagem com um ou dois jogos do Brasil, seja convidado também a assisti-los. Parece-me até natural face às circunstâncias. Teria, talvez, outro posicionamento se o convite fosse para assistir a um jogo de futebol na França. São circunstâncias diferentes, pois coincidentemente há uma partida de futebol em que um dos times é o time da seleção brasileira e naquele momento estará lá um prefeito brasileiro. Não vejo nenhum problema nisso, ao contrário, porque em outra oportunidade poderá ocorrer, novamente, situação semelhante, acho que poderá ocorrer situação com algum Vereador desta Casa. Acho que é inevitável que tenhamos que passar por essas situações. Elas não são situações que comprometam ou que deslustrem qualquer atuação de vereador, de prefeito, ou de secretário ou de outros representantes. São convites que honram a Cidade, porque seus representantes são convidados para eventos específicos e, até prova em contrário, parece-me eventos de bastante importância.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. leu a cópia do convite? Tem no processo cópia do convite?

 

O SR. PEDRO RUAS: Li nos autos o que consta como encaminhamento feito pelo Sr. Prefeito, até prova em contrário, parece merecer confiança, como, de resto, se algum Vereador encaminhasse eu teria o mesmo procedimento. Aliás, tive sempre esse procedimento em todo e qualquer encaminhamento de viagem de vereador.

Eu não tenho o conceito jurídico da fé pública em relação ao Sr. Prefeito Municipal, mas tenho a impressão de que existe, não posso afirmar porque no momento não tenho esse dado, agora, caso não haja fé pública, no aspecto jurídico e legal, especificamente, parece-me que pela representação e pela procuração que a Cidade outorgou-lhe. Com relação a um tema como este não preciso examinar o convite, basta-me a palavra do Sr. Prefeito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência saúda o Suplente a Vereador do PSB, Sr. Jorge Pinheiro.

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir o PDL nº 008/98.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Prefeito de Porto Alegre encaminha um pedido a esta Câmara solicitando autorização para se ausentar do Município para viajar à cidade de Saint-Denis e à cidade de Caracas no período de 9 de junho à 14 de junho. Na qualidade de representante oficial da Cidade de Porto Alegre, convidado oficial da cidade francesa diz: “Estarei participando de reuniões com os Ministérios de Relações Exteriores e da Infra-estrutura e Urbanismo daquele país, onde serão gestionados o Projeto Tecnópole e o Projeto Integrado de Revitalização da Região do 4º Distrito”. Depois, no dia 14, Ver. Cláudio Sebenelo, o Prefeito viaja à cidade de Caracas onde também como convidado participa de outro importante evento. Aqui já foram apresentados levantamentos das viagens do Sr. Prefeito e que o Prefeito tem viajado bastante para o exterior. É verdade, como é verdade, talvez alguns não gostem, teriam que se orgulhar disso, que Porto Alegre, cada vez mais, tem importância nas cidades da América Latina e do País - gostem alguns ou não - pela própria importância Cidade e pela forma como é governada. A maioria dos convites formulados ao Sr. Prefeito e a outros componentes do nosso Governo é para dizer como é que é esse tal de Orçamento Participativo, como se faz isso. Até o seu Governador já manda um Projeto agora querendo imitar, é muito limitado, mas, de qualquer maneira, é um caminho. Até o Governador! E os Vereadores que são da base do Governador ainda ficam mascando sobre isso. O Ver. Cláudio Sebenelo, com o sectarismo que o caracteriza, diz que o Prefeito vai a duas partidas. Ele é um homem metido no futebol, mas nem sabe quando é que são as partidas do Brasil. O Prefeito já estará longe na segunda partida do Brasil.

Então, isso tem que ficar marcado, a gente não pode ficar falando coisas que não têm a ver com o fundamento. O Sr. Prefeito Municipal vai à França a convite do Ministério de Relações Exteriores e do Ministério da Infra-estrutura e Urbanismo daquele País para discutir questões da cidade. E, depois, vai a Caracas, como convidado especial, também discutir questões importantes que têm a ver com a vida das cidades. Esse é o aspecto fundamental, um aspecto que tem que ser avaliado por nós. É importante que o Sr. Prefeito vá ou não? Os gastos que o Município e os cidadãos de Porto Alegre terão são importantes ou não? Essa é a questão. Fora disso, é uma loucura! Desfaçatez deve ser outra coisa sobre a qual o Ver. Cláudio Sebenelo há de falar. Porque o Prefeito foi suficientemente honesto para escrever no seu ofício: “Aproveitando a oportunidade e o convite formulado pela referida Cidade francesa, estarei presente na cerimônia de abertura da Copa do Mundo de Futebol na França.” Estará presente, o Prefeito foi claro em dizer isso. Não esconde nada. Desfaçatez seria esconder isso e o Prefeito não está escondendo nada. Portanto, esta é a discussão que temos que fazer: a importância de o Sr. Prefeito discutir, levar a nossa experiência e trazer a experiência de outras localidades para que, de fato, haja um crescimento dos nossos dirigentes e seja levada a nossa experiência para o crescimento de outras cidades. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra para discutir o Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Costumeiramente eu sou favorável a todas as viagens feitas pelos homens públicos. Por quê? Porque não estão numa viagem, ou não estão em algumas viagens, os grandes desvios de dinheiro que sofre esta Nação. Absolutamente! Os homens públicos, entre os quais me alinho, dedicam-se, indormitadamente, a suas funções, e basta avaliar a gama de contribuições que damos, em dedicações, e até de certas passagens em que deixamos a família em segundo plano. Por isso, um Vereador, um Deputado, um Senador, quando pode fazer uma viagem é bom para a Cidade a que eles pertencem: com projetos, coisas que eles vêem, novas idéias. Acho isso formidável e até classifico de picuinha esta série de óbices que certos colegas meus levantam para as viagens das autoridades. Não é por aí. Os grandes desvios de verbas da Nação estão localizados em outro canto. São lotes de medicamentos. São verbas que não chegam ao Nordeste. São falcatruas na Previdência Social. É isto que embaraça o Brasil. Não é absolutamente uma viagem. Neste caso o Sr. Prefeito coloca que se vai ausentar de 9 a 17 de julho. Nesta ausência, de 9 a 14, ele vai ficar na França, onde todos nós gostaríamos de estar, pelos menos por alguns dias. Qual o brasileiro que não gostaria de estar na França agora, vendo a Copa do Mundo? É um cabotino, é um cretino quem me disser que não gostaria de estar lá.

Então, o Prefeito, que vai fazer esta viagem a cidade de Saint-Denis e vai participar de reuniões do Ministério de Relações Exteriores, Infra-estrutura e Urbanismo naquele país, também vai assistir à Copa e disse isso aqui, num período do ofício, qual é o problema? Não vejo problema nenhum. Olha, que eu passei 16 anos como Deputado, era Líder, nunca fiz uma viagem, porque não quis. Era eu que fiscalizava os outros, mandava os outros! Eu não quis, aliás, eu não gosto de viajar. Dou muito bem para ser o juiz deste pedido do Prefeito, mas é até humorística a colocação do Raul Pont, do Prefeito: “Aproveitando a oportunidade e a convite formulado pela referida cidade francesa, estarei presente na cerimônia de abertura da Copa do Mundo de Futebol da França, bem como na partida Brasil x Escócia que acontecerá em Saint- Denis, um Estado da França”. Ótimo, ele vai justamente para a cidade que vai ter a grande partida Brasil x Escócia! Quanto vai custar isso? Talvez, de extra, três mil oitocentos e tantos reais! O Prefeito vai; ele que se retempere, se ele precisa se retemperar; reformule posições, porque várias vezes, quando vou a Prefeitura vejo, o homem fica até sete, oito, nove horas da noite. Precisa se retemperar, é necessário.

 

 

O SR. PRESIDENTE: Caro Ver. Pedro Américo Leal, para concluir, por favor.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu não vejo, absolutamente, nenhum descalabro nisso! Acho que o Prefeito merece, faço gosto que ele se divirta, que ele descanse, trabalhando consiga se distrair, observando e vendo a partida Brasil x Escócia, que eu gostaria de assistir também. Vou assistir pela televisão. Porque eu tenho que ficar aqui medindo dinheirinho, medindo cruzeiro, medindo tempo de viagem, o Prefeito diz que vai e vai, está acabado!

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Américo Leal, por gentileza, para concluir.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: O Prefeito é uma autoridade. Está prevenindo à Câmara que vai fazer isso! E daí? É princípio de comando, eu sempre digo isso da tribuna, é princípio de comando, a autoridade comunica e se ela errar, se ela tiver alguma falcatrua em desabono a sua atitude, a autoridade paga por isso.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Américo Leal, princípio de comando, seu tempo está encerrado e eu pediria que V. Exa. encerrasse.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: V. Exa. está se servindo das minhas armas contra mim.

 

O SR. PRESIDENTE: Muito obrigado, Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Pois é, a minha recomendação é que deixem o Prefeito ir, que ele seja muito feliz, que ele vá, se divirta, trabalhe e a Câmara tem que auxiliar o Prefeito. Afinal de contas, nós estamos aqui só para mandar contra? Não contem comigo. Eu mando contra quando precisa.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Américo Leal, por gentileza, conclua.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu mando contra quando precisa, mas por besteirinha, por picuinha, eu não faço isso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras, Senhores, como disse o Ver. Pedro Américo Leal: “picuinhas” a esta hora da tarde nós deveríamos estar usando este momento para discutir outras questões da nossa Cidade e não estarmos debatendo, longamente, exaustivamente um simples pedido de viagem do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre. Quando o Presidente da República, sistematicamente, se ausenta da Nação, os mesmos que vieram aqui - não para se contrapor, vieram aqui achincalhar um homem público - não dizem absolutamente nada. Mas, quando a Administração Municipal de Porto Alegre, num simples pedido de viagem do Prefeito para visitar uma cidade coirmã para discutir projetos que interessam a Porto Alegre - inclusive alguns projetos que eu concordo que alguns Vereadores sistematicamente nos cobram, por exemplo, maior investimento na área de ciência e tecnologia -, agora que nós temos uma parceria histórica com a França, que nós podemos estar em Saint-Denis discutindo esta questão, se faz um escândalo porque o Prefeito vai gastar, aproximadamente, R$ 3.000,00. Sendo que parte substantiva de sua viagem será paga pelo Governo da Venezuela, porque lá, para quem não conhece Caracas, o Prefeito vai ver grandes problemas de habitação, grandes problemas urbanos e, com isso, poderá chegar aqui e melhorar, cada vez mais, a sua administração.

Portanto, meus nobres e caros colegas Vereadores, vamos ouvir a douta indicação do Ver. Pedro Américo Leal: “picuinhas”. Nós devíamos estar discutindo as questões essenciais da nossa Cidade, a problemática do desemprego que vem por causa de um projeto do Governo Federal, do seu modelo; os problemas do Rio Grande do Sul, quando, na semana passada, queríamos discutir as questões do Rio Grande do Sul, o comportamento do Governador, as placas que a Justiça está mandando tirar, aí não era possível discutir, também. Para a nossa Bancada não tem problema: votar às 18h, como tem votado sistematicamente, prorrogação por mais duas horas, porque se é problema de trabalho, a nossa Bancada está aqui para trabalhar.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli Sell, estou atentamente ouvindo V. Exa., acho que é uma das maiores cabeças desta Casa e certamente vai-me auxiliar, no seu pronunciamento, a tomar uma decisão. Eu gostaria que V. Exa. - que é brilhante - me esclarecesse o seguinte: não está hoje na França o Vice-Prefeito da Cidade e não tem ele condições de bem representar Porto Alegre, sem a necessidade de trocar de lugar com o Prefeito da Cidade? É uma pergunta que faço a V. Exa., que eu sei que é luminar e inteligente e vai esclarecer a essa pessoa que não tem muita luz.

 

O SR. ADELI SELL: É uma boa e excelente pergunta, porque quando discutimos a viagem do Vice-Prefeito foram colocadas questões semelhantes: Ah, se nós tivéssemos proposto que o Vice-Prefeito, meu grande amigo Fortunati, ficasse nesse interregno na França quatro a cinco dias sem trabalhar, eis o escândalo de alguns, principalmente, que achincalharam nas suas intervenções o Prefeito Municipal. Não debateram a questão na oportunidade. E eu lhe respondo Vereador, aí sim haveria uma grita geral, porque alguns tem como método, no último período, porque é ano eleitoral, querer fazer disso aqui um palanque eletrônico. O palanque eletrônico da Globo ainda não começou, quem quiser fazer campanha eleitoral que coloque o sapato na rua, vá conhecer o Rio Grande do Sul, os seus problemas, como a Vera. Sônia Santos que percorreu mais de 400 municípios. Aí sim, é fazer campanha eleitoral.

Mas, aqui, este microfone é da Câmara Municipal de Porto Alegre, e aqui nós temos que responder as questões que estão postas em pauta.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli Sell, estou me inscrevendo e já vou ceder o meu tempo a V. Exa.

Eu quero apenas fazer um aparte, além de subscrever as suas palavras, chamar a atenção que esta Casa tem discutido muito a questão do 4º. Distrito. A partir do momento que as empresas de transportes se localizaram no 4º. Distrito, aquele bairro teve um decréscimo, um desacúmulo.

Hoje, com o Porto Seco, as empresas estão indo àquele local apropriado e nós, aqui na Câmara, já fizemos reuniões com as lideranças do 4º. Distrito.

Nos reunimos com vários líderes aqui presentes no próprio clube que representa aquela entidade, aquele bairro da cidade, comprometendo-nos a trabalhar no sentido de que ele seja revitalizado.

Nós chamamos a atenção, discutimos a questão, inclusive, da troca do nome da Rua Francisco D. Roosevelt para Av. Eduardo - que foi o seu nome de origem - e nos comprometemos com aquela representação do 4º. Distrito. Estivemos juntos, no Clube Gondoleiros, com a Direção da Associação do 4º. Distrito, e o Prefeito está indo para discutir a revitalização do 4º. Distrito.

Não é possível que esta matéria de tal jaez para o Município não receba a atenção desta Casa.

Nós temos um projeto tramitando, do Ver. Jocelin Azambuja, que muda a destinação, inclusive a possibilidade de construção de moradia naquele bairro.

O Prefeito está indo lá, Ver. Fernando Záchia e Ver. João Dib, também para tratar do 4º. Distrito. E, com certeza, V. Exas. terão a sensibilidade de apoiar esta viagem.

 

O SR. ADELI SELL: Eu vou agradecer ao Ver. Juarez Pinheiro pela cedência do seu tempo. Vou aproveitar esses minutos que me restam para concluir o meu pensamento. Eu sou um Vereador de situação, sou do PT, por dois anos; agora, Vice-Líder da Bancada.

Em nenhum momento, os Senhores deixaram de me ver e de me ouvir cobrar questões da Administração Municipal de Porto Alegre, eu serei o primeiro a cobrar o relatório do Prefeito Raul Pont. Eu tenho certeza de que ele nos colocará no papel o relatório e, se preciso for, virá aqui na Câmara Municipal discutir esta questão, e comprometo-me - meus caros colegas João Dib, João Carlos Nedel, Clovis Ilgenfritz, Pedro Ruas -, como há questões atinentes à economia da Cidade nesta viagem, a patrocinar aos colegas ouvir do Prefeito, pormenorizadamente, o resultado da sua viagem.

Eu sou um político que se preocupa com resultados e não apenas com discursos para aparecer no rádio e na televisão. Nós queremos que saiam desta Câmara Municipal, das tardes em que estamos aqui, resultados para a população de Porto Alegre. Que revitalizemos o 4º Distrito com as experiências que vamos buscar a partir da viagem do Sr. Prefeito Municipal. Como ontem discutimos, com o Centro 24 horas, propostas sobre a revitalização do Centro. O documento e tudo o que ali foi colocado, sem nenhuma omissão deste Presidente, será assinado pelos cinco Vereadores.

Portanto, como nós temos trabalhado nesta Casa, como nós temos discutido nesta Casa, nós não queremos entrar em “picuinhas”, nós queremos discutir a essência, nós queremos ir ao cerne das questões que preocupam o nosso País, o nosso Estado, o nosso Município. Por isso, eu tenho a convicção de que os Vereadores, por ampla maioria, irão aprovar esse Projeto, permitindo que o nosso Prefeito faça essa viagem, retorne com a sua experiência e melhore Porto Alegre cada vez mais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Tereza Franco está com a palavra para discutir o PDL nº 008/98.

 

A SRA. TEREZA FRANCO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu costumo dizer que “quem tem horta não deve couve”. Faz um ano e sete meses que eu sou uma Vereadora. Faz um ano e sete meses que eu peço duas sinaleiras na Sepé Tiaraju com a Orfanatrófio, em frente à Escola. Nada!

Fui à Secretaria dos Transportes, como já falei aqui nesta tribuna, e a funcionária mandou que eu fizesse uma “vaquinha” para colocar essa sinaleira, porque eles não tinham verba. Agora, com todo o respeito, o meu Vereador - eu gosto muito dele -, Adeli Sell, vem dizer que R$ 3.000,00 é “picuinha” para a viagem, e eu digo que, com mil, ele conseguiria colocar essa sinaleira, e as crianças da escola teriam mais segurança.

Não vou falar do toldo do Postão, porque hoje o Ver. Henrique Fontana me deu a notícia que será colocado neste mês - o toldo no Postão 3. Fico muito feliz, porque, senão, iria dizer que esse dinheiro da viagem poderia ser para lá, também, porque, em primeiro lugar, temos que cuidar das pessoas, das crianças que estão lá no frio, no Postão.

Vou votar contra, se depender de mim, votarei contra a viagem do Prefeito, porque três mil pode ser “picuinha”, mas, para fazer o bem para o povo, principalmente para aquela sinaleira, é muito dinheiro. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Com a palavra o Ver. Luiz Braz, para discutir.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Imagine, Ver. Nereu D’Ávila, que neste art. 1º do Projeto de Decreto Legislativo está alguma coisa que acreditaremos se quisermos. Se o Prefeito for a Paris e não trouxer nada, tanto faz, ele deve ter conversado com alguém de lá sobre o 4º Distrito, vem para cá e justifica a sua ida, porque foi lá conversar com alguém sobre o 4º Distrito. Aí todo mundo pode pensar assim: “Que homem trabalhador esse, que se sacrifica, deixando aqui todos os seus afazeres, deixando de administrar esta Cidade - que está muito mal-administrada -, e vai até Paris, num grande sacrifício pessoal, para gestionar, junto ao Ministério das Relações Exteriores, recursos ou alguma contribuição para o 4º Distrito!” Não é nada disso! A farsa desse documento está em que não faz uma semana que nós aprovamos, aqui, a viagem do Vice-Prefeito, que está na França e que poderia, se assim o quisesse, fazer esse contato com o Ministro das Relações Exteriores. Ou ele está impedido por algum motivo ou pela Administração chamada popular de fazer o contato com o Ministro das Relações Exteriores, e apenas o Dr. Raul Pont, Prefeito da Cidade, é que tem condições de fazer esse diálogo? No Parágrafo Único - e aqui, Ver. Pedro Américo Leal, está o grande mote da viagem -, o Sr. Prefeito Municipal - e isso precisa ficar muito bem-explicado -, vai até a França. Pergunto: qual é o brasileiro que não gostaria de ir à França para a Abertura da Copa do Mundo, que deve ser uma coisa sensacional? Qualquer brasileiro gostaria de estar lá, mas o que não pode acontecer é que o Prefeito de Porto Alegre vá até a França com o dinheiro dos munícipes desta Cidade para a Abertura da Copa do Mundo. Se o Prefeito de Porto Alegre estivesse pedindo apenas licença para viajar, para ir até a França, é claro que esta Câmara não negaria essa licença e todos os Vereadores votariam, porque, como um cidadão qualquer, ele iria até a França para participar da Abertura da Copa do Mundo. O que não é justo - e o que cheira mal em tudo isso - é que o Prefeito vá à França com passagem paga pelo Município, para fazer uma coisa que qualquer cidadão brasileiro gostaria de fazer, que é assistir a Abertura da Copa. Se fosse apenas para tratar de negócios, o Vice-Prefeito, que já está lá, poderia tratar dos negócios que interessam ao Município.

Por que o Vice-Prefeito Fortunati vai voltar de lá num dia e, no outro dia, chega o Prefeito Raul Pont. Eu acho que o intercâmbio de Porto Alegre com a França, neste ano, está realmente muito grande, Ver. Pedro Américo Leal. Nós conseguimos um intercâmbio como nunca, realmente, conseguimos. Acho que o Prefeito Raul Pont deve trazer de lá subsídios magníficos. Quem sabe vai ajudar, inclusive, o técnico Zagallo em alguma coisa que possa orientar a Seleção Brasileira, porque ela anda mal, ou trazer algum subsídio para cá, para orientar - quem sabe - o nosso futebol, que não anda muito bem?

Agora, para Porto Alegre, benefício para Porto Alegre, com a ida do Prefeito até a França para assistir à Abertura da “Copa do Mundo”, só se nós estivéssemos, realmente, muito bem, Ver. Pedro Américo Leal; só se esta Cidade estivesse nadando em dinheiro. Aí poderíamos tirar realmente quantias, numa semana para dar para o Vice-Prefeito ir à França e para, na outra semana, ir o Prefeito Municipal. Quem sabe, no mês que vem, eles resolvem fazer uma outra viagem para um outro país que eles não conhecem ainda?! E o Município vai pagando tudo isso. E o que o Município está ganhando em troca? Qual foi o grande benefício com todas essas viagens do Prefeito Raul Pont? E o Ver. João Dib coloca muito bem: é uma espécie de Marco Polo. Qual foi o grande benefício que a nossa Cidade teve com as viagens do nosso Prefeito Raul Pont? Eu não vi nenhum benefício. Por isso que acredito que seria mais viável que fosse retirado esse Projeto de Decreto Legislativo para que parte desse Plenário, pelo menos, não tenha o desprazer de votar contrariamente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para discutir.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. A rigor eu não ia discutir, mas ouvi o pronunciamento do Presidente desta Casa, do Poder Legislativo, que tem um relacionamento de primeira qualidade com o Poder Executivo do Município. Depois eu vou ler as notas taquigráficas, porque é muito triste ouvir do Presidente da Casa o que ele disse. Ele lançou mil e uma dúvidas, chacotas. Disse coisas à população que não são verdadeiras. E temos que ficar escutando e ser bonzinhos. Depois dizem: “O Clovis está bronqueando, não desencarnou ainda da Presidência”. Não. Eu estou dizendo que o Presidente, agora, faltou com o respeito para com todos nós. Como é que um presidente vem aqui dizer o que ele disse? É só ler as notas taquigráficas, eu não vou repetir as palavras que ele falou, mas as notas taquigráficas devem ser levadas como um patrimônio do que não deve ser feito. Cada um que leve para a casa deve dizer: “O que eu nunca poderei fazer em uma Câmara Municipal, principalmente, se for o presidente”. Haja condições de agüentar isso aqui! Tem que ter sangue frio, paciência. Eu o desculpo, porque ele deve estar com algum outro problema.

 

A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria de dizer que V. Exa, nessa avaliação que faz da falta de postura do atual Presidente da Casa, fala em nome da nossa Bancada.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Eu não gostaria de falar, mas eu fico triste também. Quero ler o art. 1º. (Lê.) “Autoriza o Prefeito Municipal a ausentar-se do País de 9 a 17 de junho de 1998.” Já foi esclarecido que o Vice-Prefeito foi para uma função com data marcada de volta, aprovada por esta Câmara. E ele tem que voltar. E tem 45 dias de interregno entre uma e outra coisa. O Prefeito poderia ter feito aquilo que foi sugerido pelo Presidente, mandar dizer que vai à França em função de negócios para o Município, e não ter a capacidade, honestidade e a transparência de dizer que vai aproveitar para ver um jogo que ele foi convidado oficialmente?! Por quê? Por que tem que mentir para as pessoas?

Não é “picuinha”, Vera. Tereza Franco. O Município de Porto Alegre está indo à França a convite para determinados assuntos de interesse da Cidade. Que mal há? Se eu estiver na França, eu posso ir ao cinema, posso ir ao teatro e, casualmente, tem uma copa do mundo nessa época. Ele não está indo para a Copa do Mundo. Então, vamos ter mais cuidado e respeito. É isso que peço. Eu acho que não é obrigação nós aprovarmos, e ficaria muito ruim a gente entrar nesse tipo de debate, num retaliamento que não cabe. Eu nem escutei, faz de conta que não houve nada. Tudo bem! Nós até consideramos que possa ter ocorrido outro problema, e a gente acha que qualquer um pode ter o seu dia de discurso infeliz, mas, por favor, não em cima de uma atividade transparente, honesta, a convite da França e da Venezuela, com a maioria da despesa paga, com um mínimo de despesa para o Município, para buscar recursos e uma série de questões que o Município requer. Nós discutimos favoravelmente. Eu vou ler: “Fica autorizado o Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. Raul Pont, ausentar-se do País, com ônus parcial para o Município, das 12h45min do dia 09 até o início da manhã do dia 17 de junho de 1998, com a finalidade de participar de reuniões com os Ministérios de Relações Exteriores e da Infra-Estrutura e Urbanismo daquele país, na Cidade francesa de Saint-Denis, onde serão gestionados o Projeto da Tecnópole, que é um Projeto que todos nós reivindicamos, há muito tempo, e não é só da Prefeitura, é em parceria com a universidade e com outros setores da Tecnópole, e o Projeto Integrado de revitalização tecnológica da Região do 4º Distrito, no período de 9 a 14 de junho, assinando também um protocolo de intenções de cooperação sobre o tema da democracia local”. É isso. Por favor! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir o PDL nº 008/98.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu, na verdade, acho muito boa a viagem do Sr. Prefeito à França e à Venezuela. Acho que o Prefeito deve ir, inclusive, com custas para o Município. Eu votarei favorável à viagem do Sr. Prefeito, porque tenho certeza de que será extremamente benéfica esta viagem: abertura de novos horizontes, abertura de mentalidade. Será benéfico a Porto Alegre. E o Prefeito passará, naturalmente, por Paris onde verá o grande fluxo turístico daquela Cidade e aprenderá que não deve fechar a EPATUR em Porto Alegre ou transformá-la em um escritório de turismo para uma Capital do MERCOSUL. Eu tenho certeza de que o Prefeito virá com idéias novas e benéficas a esta Capital. Também, ele irá verificar o trânsito de Paris. Verá em Caracas aquelas largas avenidas e, quem sabe, trará bons exemplos para a nossa Porto Alegre engarrafada. Muito boa essa viagem do Sr. Prefeito!

Em Paris, ele verá um local de eventos que lhe dará subsídios para não construir o Sambódromo em um lugar onde atrapalha os munícipes. É muito importante a viagem do Sr. Prefeito!

Ele também irá passar por Montmartre e terá novas idéias para a expansão do nosso Brique da Redenção, que a Bancada do PT e a administração da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio são contra, visando exatamente trancar o incentivo às artes, à geração de emprego e ao incentivo do nosso turismo. Acho muito boa a viagem do nosso Prefeito!

Quanto a ida à Copa do Mundo, acho normal, porque o nosso Prefeito também tem direito ao lazer. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Henrique Fontana está com a palavra para discutir.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, inicio falando sobre a correspondência que convida o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre para uma programação na Cidade de Saint-Denis, com discussão, inclusive, sobre a questão da democracia local e com a expectativa de que, nesse intercâmbio, venham pessoas também do Município de Saint-Denis para visitar Porto Alegre, dentro de alguns meses.

 Junto a isso, existe também o convite oficial do Sr. Prefeito da Cidade de Saint-Denis para que o Prefeito de Porto Alegre, que representa todos nós, esteja na Abertura da Copa do Mundo na França.

Esse assunto que estamos tratando aqui é extremamente sério. Eu estava na minha tribuna decidido a não falar sobre esse tema, nesta tarde, porque entendo que esse assunto é para ser, simplesmente, votado, mas ouvi tanta brincadeira em torno de um assunto sério, que resolvi falar, porque me coloquei do outro lado. Fiquei pensando, hoje, que temos o canal dezesseis. O que pensam os cidadãos de Porto Alegre que assistem a um debate sobre uma viagem oficial do Prefeito da Cidade de Porto Alegre a Saint-Denis, e ouvem uma série de brincadeiras, como se aqui estivéssemos quase que em um recreio escolar, discutindo essa viagem? E, o pior de tudo, existem críticas consistentes e corretas, outras inconsistentes e incorretas, sob o meu ponto de vista, críticas respeitáveis.

Por exemplo, ouvi a Vera. Tereza Franco colocar a sua preocupação de que esse recurso de mais ou menos três mil reais pudesse ser utilizado para alguma outra iniciativa na Cidade. Essa é uma discussão correta, que pode e deve ser feita, é uma decisão de prioridades, não é uma brincadeira, é dizer um pensamento e colocar uma decisão dessa Vereadora. O que não podemos é assistir ao Presidente do Poder Legislativo de Porto Alegre, que é, junto com o Prefeito Municipal, o representante maior desta Cidade, fazer uma brincadeira em torno da viagem oficial do Sr. Prefeito a Saint-Denis.

Imagino, Ver. João Dib, se o Prefeito Raul Pont, diante de uma viagem oficial do Presidente do Legislativo Municipal, fosse a um programa de rádio e dissesse um terço das coisas que o Presidente Legislativo Municipal disse oficialmente desta tribuna, brincando com uma viagem oficial.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Isso é o que, aliás, Ver. Henrique Fontana, S.Exa., o nosso Presidente, tem feito reiteradas vezes como Presidente da Câmara num programa de rádio desta Cidade. Muito obrigado.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Eu, inclusive, colocava ao Presidente, antes de subir à tribuna, e repito aqui: o Presidente foi extremamente infeliz na sua brincadeira. Talvez ele tenha arrancando alguns risos, mas não estamos diante de um assunto para se brincar na Câmara de Vereadores. Eu disse que, como Presidente do Legislativo, ele foi extremamente infeliz, porque se fizéssemos uma contraposição entre a atitude do Presidente e, por exemplo, a atitude do Prefeito do Município em uma situação inversa, estaríamos diante de uma situação absolutamente inaceitável. Como colocou o Ver. João Carlos Nedel, essa viagem servirá para trazer retornos a Porto Alegre no sentido do turismo, discutir questões fundamentais para a Cidade. Evidente, é correta a preocupação dos Vereadores. Agora, não vamos transformar uma viagem oficial de caráter extremamente sério numa brincadeira para discutir em uma plenária oficial do Poder Legislativo do Município de Porto Alegre.

Solicito apoio dos Senhores Vereadores para que o Prefeito seja autorizado a fazer essa viagem, e que façamos um debate sério com argumentos sobre os benefícios, ou não, dessa viagem para o futuro da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra para discutir.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Senhor Presidente e Senhores Vereadores. Com relação à viagem do Prefeito à França, a cidade de Saint-Denis, nós queremos rapidamente lembrar aos Vereadores, que estiveram nesta tribuna para criticá-lo, o problema habitacional deste País.

O Prefeito vai buscar experiências habitacionais para tentar contribuir para esta Cidade e para o País. Se lembrarmos a corrupção no BNH, se lembrarmos o fechamento da COHAB, com técnicos com salários altíssimos, fora da sua atividade principal em função do fechamento daquela entidade, a corrupção do BNH promovida pelo Governo Federal com o fechamento do próprio BNH e, hoje, uma viagem onde o nosso Prefeito, homem que tem uma trajetória de luta, de dedicação à causa social e popular, não cabem esses gracejos em função de uma simples viagem! Que bom que esses Vereadores que aqui o criticaram fossem fazer esses discursos no Bairro São Geraldo para ver a situação dos moradores e seu desespero para encontrar uma solução que dê vida àquele bairro. Há um verdadeiro desespero daqueles moradores.

Então, com relação à viagem em si, os Vereadores que me anteciparam já esclareceram o suficiente para votarmos favoravelmente a essa viagem. Acho que este tipo de discussão e comportamento não contribuem para o benefício da nossa população. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): A próxima inscrita é a Vera. Sônia Santos, que cede o seu tempo para o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não é vedado a nenhum Vereador desta Casa e tampouco para o Vereador-Presidente vir a esta tribuna e emitir a sua opinião sobre alguma coisa que parece uma brincadeira para com a Cidade. Esta crítica estou fazendo para defender a sociedade. Quando falo que é desnecessária a viagem do Sr. Prefeito Municipal para assistir à Abertura da Copa do Mundo no jogo Brasil x Escócia estou tentando, como Presidente da Casa e como Vereador com mandato, fazer uma defesa da sociedade, porque acredito que a sociedade não pode pagar para que o Sr. Prefeito Municipal vá à França assistir à Copa do Mundo. Acredito que se o Sr. Prefeito Municipal, e eu já disse aqui, quisesse pagar as despesas do seu bolso, ir até a França - e pode ficar até o final da Copa do Mundo, pode até ficar por lá se quiser -, não tenho nada a ver com isso. Agora, o que não podem entender os Vereadores Petistas é que o Presidente desta Casa não pode ficar subjugado ao Sr. Prefeito Municipal. Entendem os Petistas que o Legislativo não existe e que, na verdade, quem tem valor é o Executivo. Eu sei que o Partido dos Trabalhadores não dá valor para o Legislativo. Pensam: “Vamos pisar em cima do Legislativo”. O Prefeito faz o que quiser e o Vereador, aqui, principalmente o Presidente da Câmara, fica de mãos atadas e não pode nem vir para a tribuna tentar emitir a sua opinião. Eu recebi uma crítica porque emiti uma opinião e um Vereador teve a coragem de vir a esta tribuna e decidir o que posso, o que devo ou não devo dizer. Como Presidente da Casa, tenho a obrigação de defender a sociedade naquilo que penso que seja correto. E neste exato instante, neste Projeto, eu penso que não é correto a sociedade porto-alegrense pagar a passagem do Sr. Prefeito para ele assistir à Copa do Mundo da França. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Com base no art. 142, inciso VI do Regimento, eu solicitaria que V. Exa. retirasse da sua intervenção, se assim o entender, a afirmação de que o Partido dos Trabalhadores não respeita o Poder Legislativo. Pertenço ao Partido dos Trabalhadores e respeito o Poder Legislativo como todo o nosso Partido. Não só o Poder Legislativo, como todo o princípio democrático. V. Exa., talvez no calor do debate, usou essa expressão infeliz, mas penso que seria adequado que V. Exa. a retirasse. Se não a retirar, por óbvio, tomaremos nossos encaminhamentos.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Vereador, diante da ameaça que V. Exa. faz, não vou retirar nada, porque V. Exa. ameaçou o Presidente do Legislativo. Assim, vou encarar a ameaça de V. Exa.

O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, é interessante que se esclareça qual é o debate que esta Casa faz. Esta Casa faz o debate da autorização para o Sr. Prefeito viajar, representando Porto Alegre em dois eventos: um na França e o outro na Venezuela, onde o Prefeito representará a Cidade de Porto Alegre em suas conquistas. Este é o debate. Não podemos inverter a lógica do que estamos discutindo aqui. Se o Prefeito da Cidade, na representação que faz na França, assistirá a uma partida de futebol ou não, esse não é o debate. O debate é que estamos autorizando o Prefeito a viajar representando a Cidade em dois eventos que discutem problemas semelhantes aos da municipalidade de Porto Alegre, um na França e outro em Caracas, na Venezuela. Não podemos agregar a esse debate a relação democrática, ou não, que temos no Município de Porto Alegre. No nosso entendimento, não há relação mais democrática do que a que vivemos no Município de Porto Alegre: de respeito entre Poder Executivo e Poder Legislativo. Eu não poderia dizer o mesmo do papel de submissão que a Assembléia Legislativa tem em relação ao autoritarismo do Governo Britto; não poderia dizer o mesmo da relação do Presidente Fernando Henrique com o Congresso Nacional.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Renato Guimarães, eu parei o tempo de V. Exa. para lhe pedir que se prenda ao Projeto que estamos discutindo. Devolvo o tempo a V. Exa.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: É interessante registrar aqui que o Ver. Luiz Braz, em seu tempo de Vereador, fez o seu pronunciamento e também colocou em debate a questão da relação dos poderes e da democracia enquanto tal. Eu, na condição de Vereador, estou fazendo o mesmo, e o Vereador-Presidente da Casa não garante a este Vereador essa oportunidade. Esse é mais um fato que demonstra como estão colocados os papéis nesta Casa.

Gostaria de continuar fazendo esse registro para quem nos assiste, porque é preciso esclarecer que o Prefeito de Porto Alegre solicita autorização do Legislativo Municipal para viajar, representando a Cidade em dois eventos: na França e na Venezuela.

 Nesses locais serão debatidos problemas que são comuns à nossa Cidade e às cidades da França e Venezuela. É esse o debate em tela e não o debate que, de forma irresponsável, alguns colegas Vereadores tentaram fazer, tentando passar para a Cidade de Porto Alegre a impressão de que o Prefeito está viajando para assistir a um jogo da Copa do Mundo.

Gostaríamos de deixar bem claro o tema do debate e dizer, principalmente aos Vereadores que dão apoio tanto ao Governo Estadual como ao Governo Federal, que este Legislativo é autônomo. Este Legislativo não se curva ao Executivo - e o nosso Executivo Municipal, de forma alguma, na sua história, tentou manter relação autoritária com este Legislativo. Mas o mesmo não podemos afirmar sobre a relação que o Presidente Fernando Henrique, do seu Partido, Ver. Cláudio Sebenelo, tem com o Congresso Nacional, governando a partir de medidas provisórias.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Renato Guimarães, novamente solicito a V. Exa. que se atenha ao tema em debate, porque V. Exa. não está fazendo uma Comunicação de Líder. Devolvo o tempo a V. Exa.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Gostaria de lembrar aos Srs. Vereadores que temos em torno de oito projetos na Ordem do Dia e todos de importância para a Cidade de Porto Alegre. Considero que a autorização ao Sr. Prefeito para viajar é também uma proposição importante, mas eu entendo, como disse um Vereador nesta tribuna, que não podemos passar a tarde toda de uma Sessão Plenária para fazer da discussão de uma proposição um palanque político para desgastar o Prefeito desta Cidade, que mantém relação muito harmoniosa com este Legislativo.

Portanto, solicito aos Srs. Vereadores, principalmente, ao Ver. Cláudio Sebenelo, que voltem a ter coerência e que possamos aprovar esse pedido de viagem do Sr. Prefeito, em representação da Cidade, para darmos andamento ao conjunto dos demais projetos que estão esperando. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt cede seu tempo ao Ver. Cláudio Sebenelo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Exatamente ao contrário do que discursou o Ver. Renato Guimarães, este debate é extremamente saudável. Em segundo lugar, está incluído no texto do Projeto de Lei “... a convite da Prefeitura de Saint-Denis...”. Eu não sei se o Estádio de France fica na Prefeitura de Saint-Denis ou se ele é convidado da Federação Internacional de Futebol, se ele vai ao palanque com o João Havelange, representando Porto Alegre, perfeito! O debate é sobre a presença do Prefeito na Copa do Mundo, está lá o Vice-Prefeito José Fortunati. Isso é fundamental, porque tem tanta representatividade e pode perfeitamente debater todos os projetos, inclusive da Tecnópole, que eu gosto muito, o Projeto da Democratização das Cidades. Eu acho um debate muito interessante, se o Prefeito disser a verdade sobre o que acontece com o Orçamento Participativo em Porto Alegre hoje, inclusive, diminuindo-se a presença de pessoas no Orçamento Participativo por idiossincrasias pessoais, nós sabemos disso. Por um lado, o debate é indiscutivelmente, como na gíria do futebol, sobre essa pisada da bola de um Prefeito que tem horror do futebol, que não gosta e que não vai a futebol e, quando vai, faz aquilo que fez no Estádio do Internacional, onde ele entrou abruptamente, repentinamente, invadindo o Parque Náutico do Esporte Clube Internacional e se diz “soi-disant” como se diz em francês, dentro do Projeto, colorado. Então, e eu gostaria muito que nesse Projeto viesse junto o convite da Cidade de Saint-Denis, que fosse anexado ao Projeto, oficialmente, para que nós pudéssemos manuseá-lo e, aí, dar um parecer a respeito. Não que desconfiemos da palavra do Sr. Prefeito. Até acho que o Sr. Prefeito não viu o que assinou, acho que houve um equívoco qualquer. Até convidaria o Sr. Prefeito a retirar o Projeto, porque é um Projeto de Lei infeliz sob todos os pontos de vista e, como se diz na gíria do futebol: o Prefeito pisou na bola. Então, não acho nada de mais, não vejo nenhuma ofensa, nenhum demérito, quando houver esse tipo de erro administrativo, que se volte atrás e que se diga que houve um erro. Está tudo bem, volta atrás, não há problema algum. O Prefeito pode, perfeitamente, pedir licença, descontar nas suas férias e, por fim, a “sponte sua” - por iniciativa própria - fazer essa viagem. Aí, sim, ele terá representatividade, aí ele comparecerá ao estádio de futebol, não como 1/60.000 de uma população que vai a um estádio, onde a Cidade de Porto Alegre não vai ser divulgada, não vai aparecer na televisão, não vai haver absolutamente nada em relação a Porto Alegre no dia da inauguração da Copa do Mundo. Mais ainda: me parece que Saint-Denis não é o local do jogo. O convite, por parte da Prefeitura de Saint-Denis para assistir à Copa do Mundo, seria, mais ou menos, como se Porto Alegre convidasse para a Abertura da Copa São Paulo. São duas cidades totalmente diferentes. Exatamente por isso acho que o Sr. Prefeito, numa medida cautelosa, de bom senso, deveria examinar com mais tranqüilidade, então veria que, lamentavelmente, e mais uma vez, numa autorização de viagem, ele pisou na bola. Nós votamos a favor de todas as viagens, mas essa, nós vamos votar contra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra a Vera. Maria do Rosário, para discutir o PDL nº 008/98.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. Queremos primeiro, ainda neste período de discussão, dizer que passamos uma tarde de debates em torno da viagem do Sr. Prefeito. Acreditamos que devemos nos orgulhar de que Porto Alegre, no seu tempo, estabeleça relações internacionais que dizem respeito justamente à época em que vivemos, em que os Poderes locais, as Cidades, os Municípios, assumem nas relações internacionais também grande importância acerca do desenvolvimento econômico, do futuro, da geração de renda, das políticas sociais, e das relações democráticas também. A viagem do Sr. Prefeito Municipal à Cidade de Saint-Denis, na França, e depois a Caracas, tem exatamente este caráter de cooperação internacional entre cidades, porque Porto Alegre, Ver. Pedro Américo Leal - e quero cumprimentá-lo pela sua fala, permita-me - está estabelecendo relações internacionais, porque o mundo é um mundo globalizado, em que é preciso se entrar neste mundo de forma soberana, não como o Brasil entra, não como o Estado do Rio Grande do Sul também entra, mas da forma como Porto Alegre chega: apresentando soluções que vamos encontrando em nosso cotidiano, do ponto de vista das relações econômicas. E aqui este projeto Tecnópole mexe, trabalha justamente com convênios firmados entre a Prefeitura Municipal e organizações da sociedade civil e também com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Novas tecnologia, produção, desenvolvimento. É disto que estamos falando. De outro lado, integração entre cidades. É disto que estamos falando. Lamentavelmente o nosso debate foi desvirtuado aqui. E quem deveria apresentar ao Plenário a tranqüilidade da relação entre os Poderes não o fez. Quem deveria ocupar esta tribuna no sentido de respeitar a autonomia e a relação harmônica entre Poder Legislativo e Executivo não o fez, e tem sido sistemáticas as intervenções vindas da Presidência desta Casa, no sentido da quebra do respeito, do dinamismo e nas relações entre os Poderes Executivo e Legislativo.

Quero dizer aos Senhores que não representa - tenho certeza - este Plenário, a intervenção do Presidente desta Casa nos ataques que faz ao Executivo Municipal. Este Plenário é um Plenário de busca de consenso e de busca do diálogo. Tenho em minhas mãos, e solicito à Presidência da Casa que cumpra seu papel e nos possibilite que chegue a todos os Vereadores a correspondência da cidade de Saint-Denis, na qual o Prefeito Municipal de Porto Alegre é convidado para a assinatura de um protocolo que viabilizará a vinda a Porto Alegre de uma delegação de Saint-Denis, que trabalhará em Porto Alegre, a preparação do Fórum de Cidades do Mundo, que ocorrerá em janeiro de 1999. E ainda nessa correspondência, o Prefeito desta cidade francesa convida o Prefeito Raul Pont de Porto Alegre, Cidade com a qual tem relações diplomáticas, a estar presente naquilo que honra os franceses, nesta hora, e que nos honra como brasileiros, um evento mundial que é a Abertura da Copa do Mundo de Futebol. Honra-nos como brasileiros e honra-nos como porto-alegrenses, porque não há nada que esteja colocado fora do seu lugar. Nós temos relações diplomáticas com aquela cidade, relações de cidades irmãs, relações de desenvolvimento tecnológico e estas relações é que possibilitam que Patrick Braquezec envie, como Prefeito da cidade de Saint-Denis, o convite ao Prefeito Raul Pont.

Encerro, Sr. Presidente, confiando na relação entre os Poderes, confiando neste Plenário e solicitando a V. Exa. que cumpra seu papel e que faça com que seja distribuído este material. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para discutir.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Quero dizer inicialmente, até para desarmar os espíritos, que eu tenho um conceito formado a respeito de viagens ou afastamento do Prefeito, como dos demais Vereadores, porque nós não cometemos os exageros que os jornais publicam. E como não tratam da questão de Porto Alegre, que nos afeta, os jornais colocam alguns exageros que, francamente, nesta época de “vacas magras” em que todos estamos vivendo, não somam nada para o bom conceito da política que, todo mundo sabe, não está em alta neste momento.

Eu ouvi com muita atenção quase dez oradores e notei algumas ponderações válidas, consistentes e outras absolutamente descabidas. Não sou corregedor nem sensor dos meus colegas, apenas tenho para mim que houve alguns exageros.

Para nós, do PDT, é um tanto difícil, porque temos algumas aproximações, às vezes, ideológicas e, outras, programáticas, com o Partido dos Trabalhadores, mas temos divergências muito fortes, senão, estaríamos no mesmo partido.

Então, para nós, temos que navegar em águas que não refluam para os exageros, mas também não somos caudatários de quem quer que seja - e isto todo mundo já sabe, não vou repetir.

O que realmente ensejou toda essa discussão é que, por um lado, eu acho que é um direito do Sr. Prefeito, já que recebeu um convite de Caracas, na Venezuela, para transladar-se para lá, e isso é tranqüilo na Casa.

O problema cinge-se, exatamente, a uma subjetividade que não está querendo ser assumida pelo Partido dos Trabalhadores. Se ela não é simpática, bom, não vivemos de simpatias. Há questões na vida que, além de antipáticas, são dolorosas.

Alguém está lendo jornal, e eu estou vendo a foto enorme do Romário, que é um dos brasileiros, hoje, mais sofridos. E é um sofrimento que qualquer um de nós teria. Então, a vida nos enseja situações pelas quais nós não gostaríamos de passar. O Romário não gostaria de passar por essa situação, que é, por todos os motivos, lamentável.

Eu vou votar favoravelmente à viagem do Sr. Prefeito, mas não posso esconder embaixo do tapete, como se não existisse, essa situação vulnerável. Essa situação, da qual em raciocínio lúcido não se poderá fugir, enseja duas questões: a primeira, inquestionável no meu entendimento, é o não-aproveitamento do Vice-Prefeito, que já está na França e que poderia ficar representando o Município de Porto Alegre sem o segundo ônus que acarretará a ida do Sr. Prefeito.

A segunda questão, que não ficou simpática e que também é vulnerável, mais que vulnerável, criticável, é que o Sr. Prefeito, que depende, pela Lei Orgânica, da aprovação desta Câmara para ficar fora da Cidade por mais de cinco dias - por isso, a discussão é válida; nós estamos aqui para discutir as questões da Cidade -, foi convidado para ir a Caracas e vai aproveitar para ir à França. Eu tenho diante dos meus olhos a exposição de motivos, que não me convenceu de que haja necessidade realmente palpável, realmente do interesse da Cidade, de ir à França.

Vamos assumir que o Sr. Prefeito raciocinou da seguinte maneira: “Eu vou a Caracas, vou sair da Cidade com as despesas pagas pela Venezuela e vou aproveitar para ir à França”. É humanamente compreensível, só que é criticável, e não posso fugir a essa realidade. “Vou aproveitar e vou à Abertura da Copa.”

 É compreensível, só que é criticável, por dois motivos: primeiro, que o Vice-Prefeito já está lá; segundo, que o ofício diz que ele vai ratificar um pacto de democracia lá na França. Ora, é fraco esse argumento.

Então fica claro, embora antipático, mas é criticável, é vulnerável. Que o Sr. Prefeito vai a serviço à Venezuela, achamos que nisso há unanimidade. Mas a sua ida à França é vulnerável, porque, como todos os mortais, nós gostaríamos também de estar na pele dele: ver a Abertura da Copa do Mundo. É saudável, mas é criticável. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não há mais quem queira discutir. Encerrada a discussão. Em votação. Com a palavra o Ver. João Dib para encaminhar pelo PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho algumas coisas que gostaria de fazer um reparo, já vou informando que o meu encaminhamento é pessoal, já que a minha Bancada vai votar diferentemente do que vou votar. Iniciei o meu pronunciamento no debate dizendo que respeito não fazia mal a ninguém, e que o Prefeito nos desrespeitava quando mandava ofício como este e que não colocava, à semelhança do que se fazia no tempo do autoritarismo, os documentos. E mostrei um processo aqui, bem informado em 1983,e, agora, ao final, surge um convite. Não li, mas vou lê-lo, é claro. Até leio aqui uma declaração de voto: “ressalvo a ilegalidade da instrução do pedido com documento substancial em língua estrangeira - era em espanhol o documento que acrescentei aqui. O respeito faz bem a todo mundo, e esta Casa foi desrespeitada, quando o Prefeito manda um requerimento para viajar, para assistir à Copa do Mundo. Ele não precisava ir assinar o documento já que o Vice-Prefeito, que tem as mesmas condições que o Prefeito, está na França. Para a Venezuela ele realmente foi convidado, como eu deduzo, porque as despesas serão pagas pela Venezuela.

Há pouco ouvi o Ver. Adeli Sell falar em “palanque eletrônico”. Eu não alterei o meu comportamento nesta tribuna, e sempre fui um dos mais assíduos na tribuna. Agora sou um pouco mais comedido, pois eu era bem mais agressivo, muito mais contundente, mas nunca deixei de falar a verdade. O meu companheiro de Bancada, Ver. Pedro Américo Leal, falou nas mazelas do Brasil e colocou bem.

Eu gostaria de dizer que se todos os Vereadores cuidassem bem das suas cidades, se não deixassem ocorrer fatos semelhantes a esse, sem documentação, as coisas mudariam.

Nos 150 primeiros dias deste ano, o Prefeito viajou 25 vezes; duas vezes ao exterior. Nos 365 dias do ano passado, o Prefeito viajou 64. Vale dizer: a cada cinco dias, incluindo sábado e domingo, ele descansava mais um ou em Recife, ou em Buenos Aires, ou em Montevidéu, ou na França, ou na Espanha. A cada cinco dias, incluindo sábado e domingo, ele descansava um fora de Porto Alegre. Será que Porto Alegre não precisa do seu Prefeito? Eu acho que precisa. Será que Porto Alegre não precisa, ao mesmo tempo, do seu Prefeito e do seu Vice-Prefeito? Eu acho que precisa.

Quando eu falei aqui eu não tentei mudar nada, eu só dizia que precisava ter documentação para provar que esse convite era real e que existia. Agora dizem que tem aqui e que está sendo distribuído; e até estão agredindo o Presidente da Casa, pois a sua obrigação é distribuir, mas ele não podia distribuir o que ele não tinha.

Eu quero deixar bem claro que não vejo necessidade de o Prefeito fazer essa viagem. A minha Bancada vai votar favoravelmente à viagem do Prefeito; eu fico com a Declaração de Voto, que diz assim: “Ao Administrador negamos o licenciamento por ser inconveniente ao interesse da Cidade. Ao cidadão os melhores votos de uma boa e feliz viagem”.

Mas eu desejaria que na França, já que ele vai, aprenda alguma coisa. O Raul Jorge Anglada “Pon”, é “Pon” e não Pont, porque em Francês, quando eu digo “il sont”, termina com t e não é pronunciado. Então, é Raul Jorge Anglada “Pon”. Espero que ele aprenda um pouco de francês. Saúde e paz.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PDL nº 008/98 - Proc. nº 1801/98. Votação Nominal a pedido do Ver. João Dib. (Após a chamada.) APROVADO por 17 votos SIM E 01 ABSTENÇÃO.

Queremos mais uma vez lembrar a todos que às 18h, na Igreja Santa Terezinha, realizar-se-á a missa de 7º dia em homenagem a nossa colega Alceste.

Apregoamos a Emenda nº 1 ao PELO nº 003/96. Informamos que há missa de 7º dia, na Catedral Metropolitana, em memória da Sra. Marfisa Simon, viúva do nosso querido Homero Simon. Não havendo quórum, encerramos os trabalhos da presente Sessão.

(Encerra-se a Sessão às 18h01min.)

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